Responsáveis por conduzir o ensino fundamental e médio no Paraná, professores enfrentam diariamente desafios agravados por cobranças excessivas e falta de suporte estrutural. A pressão por elevar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e a precariedade das condições de trabalho têm levado a um cenário de esgotamento generalizado, com relatos crescentes de Síndrome de Burnout entre educadores.
Na tarde de quarta-feira 05, o professor Sebastião Santarosa viralizou nas redes sociais ao expor seu descontentamento: “Grande parte dos professores do Paraná está abatida por tristeza e desalento. Isso é doença. É Burnout, resultado da pressão por metas, assédio, salas superlotadas, salários baixos e falta de perspectiva”. Em sua publicação, Santarosa responsabilizou diretamente o governador Ratinho Júnior, o secretário da Educação, Roni Miranda, e setores privados que, segundo ele, “lucram com a precarização do ensino”.
Dados revelam pressão por resultados
O Paraná registrou IDEB de 6,0 nos anos iniciais do fundamental em 2022, abaixo da meta estadual (6,5 para 2024). Enquanto o governo cobra melhorias, educadores apontam contradições: turmas com até 40 alunos, salas sem ventilação adequada e jornadas duplas (média de 50 horas semanais, segundo o APP-Sindicato). Um estudo da UFPR (2023) já alertava que 65% dos professores da rede pública paranaense relatavam sintomas de Burnout, como exaustão emocional e despersonalização.
Salários e estrutura: a crise por trás das metas
A categoria denuncia que o piso salarial de R$ 3.500,00 (para 24 horas semanais) não acompanha a inflação, obrigando muitos a acumularem turnos. “Trabalho em três escolas para compensar, mas não tenho energia para planejar aulas”, desabafa uma professora de Curitiba, que preferiu não se identificar. Além disso, 40% das escolas estaduais não possuem climatização, agravando o desconforto em salas superlotadas.
Resposta do governo
O governador Ratinho Júnior defendeu em rede social que “o IDEB é essencial para medir avanços” e citou a entrega de 200 mil chromebooks a estudantes como prova de compromisso.
Repercussão e apelo por soluções
A postagem de Santarosa recebeu mais de 5 mil compartilhamentos em 24 horas, com relatos de professores de cidades como Londrina e Cascavel. “Meu pai, aposentado por depressão, vê colegas seguindo o mesmo caminho”, comentou uma usuária. Especialistas em saúde laboral reforçam: sem políticas de valorização e ambientes dignos, a evasão docente tende a crescer.
Enquanto isso, nas escolas, o recado é claro: sem ouvir quem está na linha de frente, a conta do “progresso” continuará sendo paga com a saúde de quem ensina.
Nota: Dados complementares foram baseados em estudos da UFPR, relatórios do IDEB (2022) e denúncias do APP-Sindicato. Para apuração oficial, consulte SEED-PR.