O caso de Gabi Jacinto, viralizado nas redes sociais como a “esposa troféu”, transcende o sensacionalismo e abre um debate urgente sobre os limites entre amor, interesse e direitos nas relações afetivas. Aos 25 anos, Gabi tornou-se símbolo de uma geração que questiona tabus: após viver uma união estável com um empresário 30 anos mais velho, ela enfrentou críticas por um estilo de vida luxuoso sustentado pelo parceiro. Mas o que sua história realmente revela sobre as dinâmicas de poder e vulnerabilidade nesses arranjos?
A união estável, reconhecida pelo Código Civil brasileiro, garante direitos patrimoniais e sucessórios, mas casos como o de Gabi expõem lacunas. A dependência financeira, muitas vezes mascarada por uma imagem de “fortuna fácil”, esconde riscos: mulheres em situações similares podem enfrentar dificuldades para comprovar a estabilidade da relação ou a contribuição indireta (como apoio emocional e social) em eventuais disputas judiciais.
Juristas apontam que o caso reforça a necessidade de documentação clara mesmo em relacionamentos informais. “Não basta a aparência de um casamento perfeito. É preciso registros, testemunhas e, sobretudo, clareza sobre como os bens serão partilhados”, explica a advogada família Marina Costa.
Além disso, o rótulo de “esposa troféu” revela estereótipos de gênero ainda enraizados: enquanto homens são celebrados por relacionamentos com parceiras mais jovens, mulheres são julgadas por “oportunismo”. A psicóloga Heloísa Martins destaca: “Essa dualidade reflete uma sociedade que ainda enxerga o afeto feminino como moeda de troca, não como autonomia”.
O caso Gabi Jacinto, portanto, não é apenas sobre uma escolha pessoal, mas um espelho para reflexões incômodas: até que ponto a união estável protege os vulneráveis em relações desiguais? E como romper com a romantização de arranjos que podem ocultar assimetrias perigosas? A resposta pode estar na interseção entre educação jurídica, empoderamento financeiro e a desconstrução de papéis que reduzem o amor a transações.