Enquanto o debate sobre a regulamentação da internet ganha força, especialistas alertam que o foco excessivo na censura online pode ser uma cortina de fumaça para encobrir problemas estruturais muito mais profundos: a persistente miséria social e o alarmante abandono da juventude brasileira.
A internet, inegavelmente, tornou-se um palco para debates acalorados e, por vezes, para a disseminação de informações falsas e discursos de ódio. Contudo, atribuir a ela a raiz de mazelas sociais é, para muitos, uma análise simplista e conveniente. Como bem pontua a crítica que circula online, a internet é apenas um meio, uma ferramenta que reflete, e por vezes amplifica, os problemas já existentes na sociedade.
Dados recentes do governo federal apontam para uma queda histórica na desigualdade social em 2024, impulsionada pelo crescimento da renda do trabalho entre os mais pobres. Apesar desse avanço, o Brasil ainda figura entre os países mais desiguais do mundo, com uma parcela significativa da população vivendo em condições precárias e sem acesso a oportunidades básicas. É nesse contexto de vulnerabilidade social que indivíduos podem se tornar mais suscetíveis a narrativas extremistas e à desinformação, independentemente da plataforma em que são veiculadas.
Outro ponto crucial negligenciado no debate sobre a censura é a situação da juventude. Um levantamento do IBGE, divulgado em março de 2024, revelou que uma em cada quatro mulheres entre 15 e 29 anos não estudava nem estava ocupada em 2023. Entre os homens da mesma faixa etária, o índice era de 19,8%. Em números absolutos, milhões de jovens brasileiros se encontram à margem do sistema educacional e do mercado de trabalho, um cenário que os torna mais propensos ao ócio, à criminalidade e à influência de conteúdos online prejudiciais.
A tentativa de solucionar problemas complexos como a violência e a polarização através da censura na internet levanta sérias preocupações. A liberdade de expressão é um pilar fundamental da democracia, e qualquer forma de restrição deve ser cuidadosamente avaliada para evitar abusos e a supressão de vozes legítimas. Defensores da liberdade online argumentam que a internet, como um “mercado livre de ideias”, permite a circulação de diferentes perspectivas e contribui para o debate público, sendo essencial para uma sociedade livre e informada.
Por outro lado, há quem defenda a necessidade de regulamentação para combater a disseminação de fake news, proteger dados pessoais e criar um ambiente online mais seguro. A crescente onda de desinformação e os escândalos envolvendo o uso indevido de dados têm levado a um debate global sobre a responsabilidade das plataformas digitais e a necessidade de mecanismos para mitigar os danos causados por conteúdos nocivos.
No entanto, é fundamental que qualquer medida de regulamentação seja acompanhada de um olhar atento para as causas profundas dos problemas que se busca combater. Investir em educação de qualidade, promover a inclusão social e oferecer oportunidades para a juventude são medidas essenciais para fortalecer a resiliência da sociedade contra a desinformação e a violência, tanto online quanto offline.
Em vez de focar unicamente na censura como solução mágica, talvez seja o momento de direcionar os esforços para enfrentar a “miséria social e o abandono da juventude” mencionados na crítica inicial. Somente através de políticas públicas eficazes e de um olhar atento para as necessidades da população será possível construir uma sociedade mais justa, informada e menos vulnerável aos males que hoje se busca, muitas vezes em vão, silenciar na internet.
Título para engajamento e possível ranqueamento no Google: Censura na Internet no Brasil: Solução ou Cortina de Fumaça para a Crise Social?
Censura na internet: cortina de fumaça para esconder a crise social e o abandono da juventude?
