Brasília, DF – Uma visita de alto escalão de um representante do governo de Donald Trump ao Brasil nesta semana tem gerado intensos debates nos bastidores da política nacional. David Gamble, chefe interino da Coordenação de Sanções do Departamento de Estado dos EUA, desembarcou em Brasília com o objetivo declarado de participar de reuniões bilaterais focadas no combate a organizações criminosas transnacionais, terrorismo e tráfico de drogas. A informação foi confirmada pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, buscando dissipar rumores de que a visita teria como foco a discussão de possíveis sanções contra autoridades brasileiras.
A controvérsia ganhou força após declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que, em suas redes sociais, havia afirmado que Gamble viria ao país para conversar com congressistas da oposição sobre as ações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e de outras autoridades, incluindo o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet. O intuito, segundo o parlamentar, seria avaliar a existência de censura ou perseguição por parte das autoridades brasileiras. Em tom acusatório, Eduardo Bolsonaro chegou a afirmar que a “batata” de Moraes estaria “esquentando” nos Estados Unidos, sugerindo possíveis punições futuras.
No entanto, a Embaixada dos EUA prontamente desmentiu as alegações de Eduardo Bolsonaro, enfatizando que a agenda de David Gamble se concentraria em temas de segurança bilateral. Em nota oficial, a representação diplomática americana reiterou o foco nas discussões sobre os programas de sanções dos EUA voltados ao enfrentamento de ameaças transnacionais.
Apesar da negativa oficial, a presença de um nome como David Gamble em solo brasileiro não passou despercebida. Conhecido nos círculos diplomáticos como um especialista em sanções e com vasta experiência na construção de consensos em questões complexas, Gamble assumiu sua atual função em janeiro deste ano, com o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Sua chegada ao Brasil, ainda que para tratar de temas de segurança, ocorre em um momento de polarização política acentuada no país e levanta questionamentos sobre possíveis outras motivações para a visita.
Parlamentares da oposição manifestaram interesse em se encontrar com o representante americano, buscando apresentar suas perspectivas sobre a atuação de certas autoridades brasileiras. A expectativa é que, mesmo que o foco oficial da visita seja a segurança, o tema das alegadas violações de direitos e cerceamento de liberdade de expressão seja abordado em conversas paralelas.
A visita de David Gamble ao Brasil é a primeira de um representante do alto escalão do Departamento de Estado americano desde que Donald Trump reassumiu a presidência. A Embaixada dos EUA ressalta a importância da cooperação bilateral em temas de segurança e reafirma o compromisso dos Estados Unidos em trabalhar em conjunto com o Brasil no combate ao crime organizado e ao terrorismo.
Resta agora acompanhar os desdobramentos desta visita e verificar se, para além da agenda oficial, outros temas sensíveis da política brasileira serão discutidos nos encontros entre o representante americano e autoridades e figuras políticas do país. A tensão em Brasília permanece, com muitos questionando se a negativa oficial da Embaixada dos EUA sobre sanções a Alexandre de Moraes será suficiente para acalmar os ânimos em meio a um cenário político já bastante conturbado.
Crise à vista? Representante de Trump no Brasil acende o alerta em Brasília, apesar de negativa oficial sobre sanções a Moraes
