A crise no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atingiu um novo patamar, com mais de 600 servidores, incluindo 289 ocupantes de cargos de chefia, manifestando-se contra a gestão do presidente Marcio Pochmann. As críticas apontam para um estilo de liderança autoritário e decisões unilaterais que estariam comprometendo a autonomia e a credibilidade da instituição.
O ponto central do descontentamento é a criação da Fundação IBGE+, uma entidade de direito público-privado proposta pela direção do instituto em julho de 2024 e anunciada aos servidores em setembro do mesmo ano. A fundação permitiria que o IBGE recebesse recursos adicionais para pesquisa e inovação tecnológica, mas os funcionários temem que essa iniciativa possa comprometer a independência do órgão e abrir espaço para influências externas.
Em resposta às críticas, Pochmann atribuiu a insatisfação ao subfinanciamento crônico do IBGE e minimizou os pedidos de sua exoneração, afirmando que, em uma gestão democrática, é natural haver críticas e insatisfações. Ele também destacou que a fundação seria uma alternativa para ampliar o orçamento destinado a pesquisas e inovações.
A crise se intensificou com a divulgação de uma carta aberta assinada por 134 servidores, dos quais 125 são gerentes, gerentes substitutos ou coordenadores do IBGE, além de dois ex-diretores. O documento acusa Pochmann de autoritarismo e aponta que o clima organizacional do instituto está deteriorado sob sua gestão.
Diante da escalada da crise, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, que supervisiona o IBGE, decidiu suspender temporariamente a criação da Fundação IBGE+. Embora apoiasse a iniciativa, Tebet avaliou que era o momento de tentar reduzir a tensão interna e buscar uma solução para o impasse.
A situação no IBGE continua a evoluir, com desdobramentos que podem impactar a produção de estatísticas oficiais e a credibilidade do instituto. A comunidade acadêmica e setores da sociedade civil acompanham atentamente os próximos passos, preocupados com a preservação da autonomia e da integridade das informações produzidas pelo IBGE.