Senado em polvorosa: Alcolumbre condena fala de Plínio Valério e entidades repudiam ameaça
Uma declaração do senador Plínio Valério (Republicanos-AM), que mencionou a possibilidade de “enforcar” a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante discurso no plenário na quarta-feira (19), desencadeou uma onda de repúdio no Congresso e nas redes sociais. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), classificou a fala como “infeliz” e alertou que esse tipo de retórica serve de “combustível” para casos de violência política, em um momento de crescente tensão no país.
Contexto da polêmica
Plínio Valério, crítico ferrenho das políticas ambientais do governo Lula, fez a declaração ao defender a exploração de recursos naturais na Amazônia: “Se eu tivesse um tratorzinho aqui, eu mesmo ia lá e enforcava Marina Silva. Não dá para aceitar esse ambientalismo xiita”. O vídeo, viralizado nas redes, foi interpretado como uma ameaça simbólica, gerando alerta até de entidades internacionais.
Reações imediatas
Além de Alcolumbre, parlamentares de oposição e da base governista se manifestaram. A líder da bancada feminina, senadora Simone Tebet (MDB-MS), destacou: “Isso ultrapassa o limite do debate político. É inaceitável num ambiente democrático”. Já a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) anunciou que protocolou representação no Ministério Público Federal por incitação à violência.
Marina Silva responde
Em nota, a ministra afirmou que “ameaças não intimidam a luta pela preservação ambiental” e ressaltou que a pasta seguirá combatendo ilegalidades. Seu partido, Rede Sustentabilidade, exigiu punição ao senador.
Dados preocupantes
A controvérsia ocorre em meio ao aumento de ataques a autoridades no Brasil. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ameaças a servidores públicos subiram 74% em 2023, com casos emblemáticos como o assassinato de Marielle Franco. Especialistas apontam que discursos inflamados de líderes políticos amplificam riscos.
Próximos passos
Alcolumbre afirmou que o caso será analisado pela Comissão de Ética do Senado. Plínio Valério, por sua vez, negou intenção de incitar violência, alegando “metáfora no calor do debate”. Entretanto, juristas ouvidos pela imprensa destacam que a legislação brasileira pune até mesmo ameaças veladas.
Análise de contexto
A escalada de hostilidade contra Marina Silva reflete disputas históricas entre agronegócio e ambientalismo. Com a COP30 marcada para Belém em 2025, o Brasil enfrenta pressão para equilibrar desenvolvimento e preservação – um debate que, como mostra o episódio, segue acirrado.
Enquanto isso, a sociedade civil acompanha: o Twitter registrou mais de 50 mil menções à polêmica em 24 horas, com a hashtag #JustiçaPorMarina liderando os trend topics. O caso reacende o debate sobre até onde vai a liberdade de expressão no Legislativo – e qual o preço da democracia.