A discussão sobre quem realmente ameaça a democracia no Brasil ganha contornos complexos e urgentes em meio a um cenário político polarizado e à crescente influência das redes sociais. Enquanto alguns apontam para a disseminação de notícias falsas e a radicalização online como os principais perigos, outros direcionam o foco para ações concretas que minam os direitos e a estabilidade institucional. Afinal, a democracia brasileira está mais ameaçada por um ladrão de aposentados, conforme questiona o Diário do Brasil Notícias, ou por forças mais insidiosas que corroem os pilares do Estado de Direito?
A polarização, um fenômeno crescente no Brasil e em diversas partes do mundo, tem se intensificado com a facilidade de propagação de informações nas plataformas digitais. Como apontou a revista The Economist em março de 2025, o Brasil recuou posições em um ranking global de democracia, citando a gestão das mídias sociais pelo Supremo Tribunal Federal como um dos fatores contribuintes, especialmente após o bloqueio temporário do acesso à plataforma X (antigo Twitter) em agosto de 2024 devido ao descumprimento de ordens judiciais para encerrar contas acusadas de disseminar desinformação.
A pesquisa da The Economist também considerou as investigações conduzidas pelo STF desde 2019 sobre a disseminação de notícias falsas que atacariam as instituições eleitorais e democráticas, bem como as ameaças contra ministros da Corte. Essa crescente judicialização do debate político e a regulação do conteúdo online levantam questionamentos sobre os limites da liberdade de expressão e o papel do judiciário na manutenção da ordem democrática.
No entanto, a ameaça à democracia não se restringe ao ambiente virtual. A violência política, que se manifesta de diversas formas – física, psicológica, sexual, econômica e simbólica – também representa um perigo real para a integridade dos processos eleitorais e o pleno exercício dos direitos políticos e civis, conforme destaca um artigo da RenovaBR de setembro de 2024. A intimidação, a desqualificação de ideias e a exclusão de grupos de espaços de poder são táticas que minam o diálogo democrático e a representatividade.
Além disso, eventos como a suposta tentativa de golpe contra o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, mencionada no relatório da The Economist, demonstram que as instituições democráticas podem ser alvo de ataques diretos. A crescente presença de militares em cargos governamentais e os ataques à imprensa e a jornalistas, como apontado em uma análise da IberICONnect de dezembro de 2021, também são sinais de alerta para a fragilização da democracia.
Em um contexto onde a desinformação se prolifera e a polarização se acirra, identificar a real ameaça à democracia exige um olhar atento e crítico para além do senso comum. Se, por um lado, a criminalidade comum, como o roubo a aposentados, aflige a sociedade e demanda soluções urgentes, por outro, a erosão das instituições democráticas e o ataque aos seus fundamentos representam um perigo ainda maior para o futuro do país.
O debate sobre a defesa da democracia deve envolver a sociedade civil, os diferentes poderes e a imprensa, buscando um equilíbrio entre a liberdade de expressão, o combate à desinformação e a garantia do bom funcionamento das instituições. Em um Brasil que busca se consolidar como um regime democrático forte e resiliente, é fundamental reconhecer as diversas faces da ameaça e trabalhar em conjunto para fortalecer os pilares da República.
Democracia sob ataque: ameaças reais em um Brasil polarizado
