Deputados do PL abandonam partido sob pressão bolsonarista

O Partido Liberal (PL) registrou, em 2024, a saída de pelo menos quatro deputados federais, que alegam pressão interna para alinhamento à agenda bolsonarista e oposição a propostas de partidos de esquerda. Desde a filiação de Jair Bolsonaro e seus aliados em novembro de 2021, o partido teria se inclinado para a direita mais radical, segundo ex-integrantes.

O deputado Samuel Viana (agora no Republicanos-MG) afirmou que a pressão da ala “raiz” da direita resultou em sua saída no final de 2023. Ele relata que parlamentares extremistas não aceitavam perfis diferentes e impunham votações contrárias à esquerda, gerando conflitos internos. Viana percebe que o partido continua com viés radical, ditado por parlamentares alinhados ao bolsonarismo.

As saídas de Viana foram seguidas por Yuri do Paredão (MDB-CE), Luciano Vieira (Republicanos-RJ) e Junior Mano (PSB-CE). Mano foi expulso após apoiar Evandro Leitão (PT) na disputa pela prefeitura de Fortaleza, contra o candidato do PL, André Fernandes. Em rede social, Mano afirmou que sua expulsão foi solicitada por Bolsonaro.

Luciano Vieira deixou o PL para apoiar seu irmão, Leo Vieira (Republicanos), na eleição para a prefeitura de São João de Meriti (RJ), vencendo o candidato do PL, Valdecy da Saúde. Yuri do Paredão mencionou que sua saída ocorreu por defender diálogo, respeito às instituições e acreditar no governo Lula, mantendo respeito pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

O PL, por meio de nota, negou que as saídas estejam relacionadas ao alinhamento com o bolsonarismo ou pautas da direita, atribuindo-as a razões regionais ou pessoais. A sigla afirmou que muitos deputados manifestaram intenção de se filiar ao partido na próxima janela partidária, especialmente pelo vínculo com o bolsonarismo, e confia na ampliação de sua força no Congresso Nacional.

O PL, originado da Arena, partido que apoiava o regime militar, é comandado por Valdemar Costa Neto desde o início dos anos 2000. Após períodos de adesão e oposição nos governos de Fernando Henrique Cardoso, o partido integrou a chapa de Lula em 2002, com José Alencar como vice. Desde então, esteve próximo aos governos do PT, especialmente na área de transportes. Em 2014, passou a integrar o centrão, grupo decisivo no impeachment de Dilma Rousseff em 2016. Com a filiação de Bolsonaro em 2021, o PL cresceu significativamente, tornando-se um dos maiores partidos do país.

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