Diretor da PF diz não haver provas para indiciar Michelle e Eduardo Bolsonaro em caso de golpe; investigação segue “consistente”

Andrei Rodrigues afirma que relatório enviado ao STF é robusto, mas falta evidência concreta contra ex-primeira-dama e deputado federal. Caso reacende debate sobre polarização e desinformação.

O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Passos Rodrigues, declarou na segunda-feira (27) que a corporação não encontrou elementos suficientes para indiciar a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no inquérito sobre a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Apesar de o relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) ser considerado “consistente”, as investigações não revelaram provas concretas que ligassem os dois ao plano golpista.

A declaração foi feita durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, onde Rodrigues destacou que, embora a delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid tenha mencionado Michelle e Eduardo como integrantes de um grupo “mais radical”, não houve comprovação de participação direta dos dois no suposto golpe. “A Polícia Federal não investiga para culpar, mas para buscar a verdade”, afirmou o diretor, reforçando que o processo seguiu todos os trâmites legais.

A delação de Cid, homologada em 2023, descreveu três grupos distintos no entorno de Jair Bolsonaro após a derrota eleitoral: um “moderado”, que rejeitava ações radicais; outro que buscava questionar as urnas; e um terceiro, considerado “mais radical”, que defendia a ruptura democrática com apoio de grupos armados. Michelle e Eduardo teriam integrado este último grupo, segundo Cid, mas as investigações não encontraram evidências suficientes para sustentar as acusações.

Em resposta às alegações, Michelle Bolsonaro classificou a delação como uma “cortina de fumaça” e criticou o que chamou de “vazamentos seletivos” com motivações políticas. Em nota divulgada pelo PL Mulher, ela afirmou que as acusações não possuem comprovação e sugeriu que o objetivo seria desviar a atenção das dificuldades enfrentadas pelo governo Lula.

Contexto político e repercussões
O caso reacende o debate sobre a polarização política no Brasil e o papel das redes sociais na disseminação de desinformação. Andrei Rodrigues também abordou a necessidade de regulação das plataformas digitais, defendendo que “o que é crime no mundo real também é crime no virtual”. Ele destacou a importância de combater práticas criminosas sem ferir a liberdade de expressão, um tema que tem ganhado destaque no governo Lula e no STF.

Além disso, o diretor da PF criticou o tratamento dado aos brasileiros deportados dos Estados Unidos, que desembarcaram no país algemados e com correntes nos pés. Ele afirmou que a medida foi “inadmissível” e destacou a importância de respeitar a dignidade humana e a soberania nacional.

Próximos passos
Enquanto aguarda o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o caso, a PF mantém o foco em outras investigações relacionadas a Jair Bolsonaro, incluindo supostas fraudes em registros de vacinas contra a covid-19 e o escândalo das joias sauditas. O ex-presidente já foi indiciado em três inquéritos, mas ainda não há decisão sobre a abertura de processos criminais.

A ausência de provas contra Michelle e Eduardo, no entanto, não encerra as discussões sobre o episódio. Para especialistas, o caso ilustra os desafios do jornalismo em um cenário de polarização e desinformação, onde a credibilidade das fontes e a apuração rigorosa são mais necessárias do que nunca.

Conclusão
Enquanto a PF segue suas investigações, o caso continua a gerar debates sobre a integridade das instituições democráticas e o papel da mídia na cobertura de temas sensíveis. A falta de provas contra Michelle e Eduardo Bolsonaro, porém, deixa em aberto questões sobre a efetividade das delações premiadas e a complexidade das investigações em um cenário político altamente polarizado.

Com informações de UOL Notícias, Correio Braziliense e Agência Estado.

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