Diretor-geral da PF rebate críticas de Lira por indiciamento de deputados: “Não há imunidade absoluta para cometer crimes”

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, respondeu nesta quinta-feira às críticas feitas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, após o indiciamento de parlamentares por suposta prática de crimes contra a democracia. Durante uma coletiva de imprensa, Rodrigues reforçou que o trabalho da instituição segue critérios técnicos e que “nenhuma função pública confere imunidade absoluta para a prática de atos ilícitos”.

A controvérsia envolvendo o indiciamento

A polêmica teve início após a Polícia Federal concluir investigações contra deputados federais ligados a atos antidemocráticos, que incluíram ataques ao Supremo Tribunal Federal e questionamentos sobre o processo eleitoral. Lira classificou as ações como “excessos investigativos” e defendeu que o Parlamento não poderia ser alvo de perseguições. Ele ainda ressaltou que o indiciamento de parlamentares deve ser feito com extrema cautela, para não ferir a autonomia do Legislativo.

Em resposta, Andrei Rodrigues destacou que é preciso “separar o que é liberdade de expressão de atos que configuram crimes”. Segundo ele, o papel da Polícia Federal é investigar condutas previstas como criminosas, sem considerar quem as comete, e encaminhar os resultados ao Ministério Público e ao Judiciário. “Estamos falando de fatos concretos que precisam ser analisados tecnicamente, e não de opiniões ou manifestações legítimas protegidas pela Constituição”, afirmou.

Direitos e limites no cenário político

A declaração do diretor-geral reacendeu debates sobre os limites das prerrogativas parlamentares e o equilíbrio entre os poderes. Rodrigues pontuou que a imunidade conferida aos congressistas, prevista na Constituição, não é um salvo-conduto para práticas criminosas. “Direitos fundamentais, inclusive a imunidade parlamentar, não são absolutos. Eles coexistem com o dever de respeitar as leis”, disse.

Juristas e especialistas ouvidos pela imprensa divergem sobre a questão. Enquanto alguns defendem que a atuação da PF é legítima, outros alertam para possíveis impactos nas relações entre os poderes. “O momento exige serenidade, mas também firmeza no cumprimento da lei”, comentou um advogado constitucionalista.

Ecos políticos e possíveis desdobramentos

A reação de Lira já gerou articulações nos bastidores do Congresso, com aliados do presidente da Câmara pressionando por medidas para limitar investigações contra parlamentares. Nos próximos dias, uma reunião entre líderes partidários pode ser convocada para discutir o tema.

Enquanto isso, Andrei Rodrigues afirmou que a Polícia Federal continuará agindo de forma independente, “seguindo o que determina a lei”. Ele também reiterou que o país vive um momento crucial para o fortalecimento das instituições e que “a democracia exige responsabilidade de todos, inclusive de quem ocupa cargos públicos”.

A controvérsia promete se estender e colocar ainda mais em evidência as tensões entre os poderes, num momento em que as instituições brasileiras enfrentam desafios para consolidar a confiança da população.

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