Disputas religiosas marcam cenário político rumo a 2025


Professor de Antropologia da UFRJ e membro da Academia Brasileira de Ciências

O final de um ano costuma trazer consigo um momento de balanço e projeções. No campo da política e religião, 2024 foi especialmente movimentado no Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva buscou consolidar uma frente ampla religiosa, enquanto a imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro mostrou sinais de desgaste acelerado, principalmente em sua relação com lideranças evangélicas.

Lula, que historicamente enfrentou desafios para dialogar com setores religiosos mais conservadores, intensificou esforços em 2024 para estabelecer alianças estratégicas. Eventos ecumênicos e conversas com representantes católicos e evangélicos marcaram sua tentativa de despolarizar a pauta religiosa, ampliando sua base de apoio. A estratégia, segundo analistas, é tanto política quanto cultural, buscando reduzir a resistência de setores religiosos à esquerda no Brasil.

Por outro lado, Bolsonaro, que sempre encontrou no apoio evangélico uma de suas bases mais sólidas, enfrentou um ano de turbulências. Escândalos envolvendo aliados próximos e uma série de declarações polêmicas enfraqueceram sua credibilidade junto a líderes religiosos, que começaram a questionar a continuidade de um alinhamento automático com o bolsonarismo.

A projeção para 2025 indica que a disputa pela narrativa religiosa no Brasil deve se intensificar. Lula continuará a investir em uma abordagem plural, enquanto Bolsonaro terá o desafio de reconquistar um espaço que, até pouco tempo, parecia inabalável. A religião, como tem sido nos últimos anos, seguirá desempenhando um papel central no tabuleiro político brasileiro.

Neste contexto, fica evidente que a relação entre política e religião no Brasil está em constante transformação. O ano que se inicia trará novas dinâmicas, reafirmando a relevância desse tema para compreender os rumos do país.

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