Enquanto o mercado cervejeiro ainda é frequentemente associado a estereótipos masculinos, a Stannis, cervejaria artesanal de Jaraguá do Sul (SC), virou o jogo: 52% de seus clientes são mulheres, um número que ultrapassa a média nacional do setor. A empresa, fundada em 2018, atribui o feito a uma estratégia que combina representatividade, inovação em rótulos e experiências que valorizam a presença feminina — um movimento que ganha força em meio a dados que revelam o crescente protagonismo das mulheres no consumo de cerveja no Brasil.
Rótulos que Contam Histórias Reais
A aposta da Stannis começou com a decisão de homenagear mulheres inspiradoras em suas embalagens, abandonando figuras sexualizadas ou clichês. Cada rótulo traz nomes como o da professora Maria da Silva, que transformou uma comunidade carente, ou da engenheira Carla Santos, pioneira em sustentabilidade. “Queremos que as mulheres se vejam aqui, não como objetos, mas como protagonistas”, explica Ana Lúcia Hoffmann, sócia-fundadora da cervejaria.
A estratégia dialoga com um cenário mais amplo: segundo a Associação Brasileira de Bebidas (ABRABE), as mulheres já representam 45% dos consumidores de cerveja no país, percentual que sobe para 55% quando se trata de cervejas especiais. “Elas buscam qualidade, autenticidade e marcas que as respeitem”, complementa Hoffmann.
Além do Produto: Experiências que Engajam
Para consolidar a conexão, a Stannis investe em ações como workshops de harmonização comandados por mestras-cervejeiras e parcerias com coletivos femininos locais. Em 2023, a empresa lançou ainda uma edição especial em apoio ao Outubro Rosa, revertendo parte das vendas para projetos de prevenção ao câncer de mama.
O resultado? Além do público majoritariamente feminino, a marca registrou crescimento de 30% nas vendas no último ano, segundo dados internos. “Não se trata apenas de vender cerveja, mas de construir uma comunidade”, destaca a empresária.
Desafios e Oportunidades em um Mercado em Transformação
Apesar do avanço, o setor ainda tem caminhos a percorrer. Uma pesquisa da Euromonitor International aponta que apenas 12% das marcas de cerveja no Brasil têm narrativas claramente direcionadas ao público feminino. Para especialistas, iniciativas como a da Stannis são um termômetro de mudanças estruturais. “Quando as mulheres se sentem representadas, elas não apenas consomem mais, mas se tornam embaixadoras da marca”, analisa Mariana Torres, consultora em marketing de bebidas.
E a Stannis não quer parar: a meta para 2024 é ampliar a participação feminina para 60% e lançar uma linha de drinks sem álcool, pensando no público que prioriza bem-estar sem abrir mão do sabor. Enquanto isso, cada gole das cervejas da marca carrega um recado: no universo da cerveja artesanal, elas estão — literalmente — no comando.
[Nota: Dados complementares foram baseados em pesquisas da ABRABE (2023), Euromonitor International (2022) e relatórios internos da Stannis.]