Escândalo no Paraná: Renato Freitas aponta herança bolsonarista na Segurança Pública

Denúncias envolvendo nepotismo, manipulação no sistema penitenciário e vínculos com milícias expõem crise na gestão do coronel Hudson Teixeira


Curitiba, PR – A gestão do coronel Hudson Teixeira à frente da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP-PR) tornou-se epicentro de uma série de denúncias graves que remetem ao legado do bolsonarismo no estado. Investigações revelam suspeitas de nepotismo, irregularidades em transferências de presos e até possível queima de arquivo após a morte de um detento ligado a milícias. Os casos, que ganharam força após apurações da Polícia Federal (PF), reacendem o debate sobre a herança de práticas associadas ao governo Bolsonaro, marcado por negligência na pandemia, ataques à democracia e promoção do armamento civil.

Conexão com o Golpe de 8 de Janeiro e o Legado da Pandemia

Relatórios da PF divulgados em 2024 confirmaram que o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados articularam um plano golpista para manter o poder após a derrota eleitoral de 2022. As ações culminaram nos ataques de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, com intento declarado de desestabilizar instituições e até eliminar autoridades. Enquanto isso, no Paraná, a gestão de Teixeira é acusada de replicar o desprezo por controles democráticos, com denúncias de que o secretário teria usado cargos públicos para beneficiar familiares.

Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) reforçam que o estado registrou um aumento de 22% em transferências de presos sob justificativas nebulosas em 2023. Um caso emblemático envolve a morte de um detento transferido a pedido de Alisson Andrade, irmão de Hudson e assessor da Secretaria da Administração e Previdência. Familiares do preso alegam que ele seria testemunha-chave de operações milicianas – e sua transferência, seguida de óbito, levantou suspeitas de “eliminação de provas”.

Nepotismo e Perseguição a Servidores

Documentos obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) comprovam que Alisson Andrade atuou diretamente na solicitação de remoções de presos, mesmo sem atribuição legal. Quando um servidor questionou a legalidade do processo, foi exonerado em 48 horas pelo próprio Hudson. Para o sindicato dos servidores penitenciários, trata-se de “gestão autoritária, típica de um projeto bolsonarista”.

O caso ecoa escândalos nacionais: em 2023, a PF identificou que o bolsonarismo “institucionalizou” o apadrinhamento político em pastas estratégicas, como revelaram as investigações da Operação Vasculhão, que desbaratou esquemas semelhantes no Rio de Janeiro.

COVID-19 e Armamento: O Rastro de Mortes

Enquanto o Brasil ultrapassava 700 mil mortes por COVID-19 (o segundo maior número do mundo), o Paraná, sob influência bolsonarista, adotou políticas de flexibilização de lockdowns e desvalorização de vacinas, alinhadas ao negacionismo de Bolsonaro. Estudos da Fiocruz apontam que o estado teve 34% mais óbitos evitáveis na pandemia em comparação à média nacional.

Paralelamente, o incentivo ao armamento civil, bandeira de Bolsonaro e Hudson, resultou em um crescimento de 180% na posse de armas no Paraná desde 2019, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Para especialistas, a combinação entre milícias fortalecidas e acesso a armas alimentou ciclos de violência no estado.

Repercussão e Cobrança por Justiça

Organizações como a Transparência Internacional e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR) cobram apuração urgente das denúncias. Procurada, a SESP-PR afirmou que “rejeita veementemente acusações infundadas” e que todas as transferências de presos “seguem critérios técnicos”. Entretanto, o MPF já abriu procedimento para investigar as suspeitas.

Enquanto isso, nas redes sociais, o vídeo denúncia (originalmente publicado no Instagram) acumula mais de 500 mil visualizações, pressionando autoridades a não ignorarem o que usuários classificam como “o maior escândalo de corrupção do Paraná na década”.

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Créditos: Com colaboração de dados do CNJ, PF e Fiocruz.


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