Imagens inéditas revelam indígenas isolados em Rondônia e Mato Grosso, expondo ameaças crescentes

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) divulgou recentemente imagens inéditas de povos indígenas isolados nas Terras Indígenas Massaco, em Rondônia, e Kawahiva do Rio Pardo, em Mato Grosso. Os registros, obtidos durante expedições de monitoramento no início de 2024, visam reforçar a necessidade urgente de proteção desses territórios frente a ameaças crescentes, como invasões ilegais e mudanças climáticas.

Na Terra Indígena Massaco, com área de 421.895 hectares nos municípios de Alta Floresta D’Oeste e São Francisco do Guaporé, as imagens capturaram pelo menos nove indígenas em isolamento voluntário, com idades estimadas entre 20 e 40 anos. A equipe da Funai, liderada pelo sertanista Altair Algayer, identificou vestígios como armadilhas pontiagudas (estrepes) em trilhas, abrigos temporários e pontos de coleta de mel, indicando a presença ativa desses grupos. Algayer destacou a preocupação com a aproximação dos indígenas aos limites da terra indígena, possivelmente em busca de recursos, o que os expõe a contatos perigosos com não indígenas.

A Terra Indígena Kawahiva do Rio Pardo, com 411.844 hectares no município de Colniza, Mato Grosso, também apresentou sinais claros de ocupação por indígenas isolados. Durante uma expedição de oito dias, a equipe de monitoramento encontrou pegadas, vestígios de coleta de mel e utensílios, confirmando a presença de crianças e indicando crescimento demográfico do grupo. No entanto, foram detectados sinais de invasão por não indígenas, como acampamentos possivelmente de garimpeiros ou madeireiros, evidenciando a pressão sobre o território e a urgência de sua demarcação física.

A divulgação dessas imagens ocorre em um contexto de aumento das ameaças aos povos indígenas no Brasil. Relatórios recentes apontam para a intensificação de invasões de terras indígenas por garimpeiros ilegais, especialmente em estados como Mato Grosso, onde milhares de mineradores têm devastado áreas protegidas, trazendo doenças e violência às comunidades locais.

Além disso, projetos de infraestrutura, como a construção da ferrovia Ferrograo, que pretende ligar o Mato Grosso aos portos amazônicos, têm gerado preocupação entre os povos indígenas. Grupos como os Munduruku, Kayapo e Xingu acusam o governo de planejar tais empreendimentos sem a devida consulta, temendo impactos ambientais e sociais significativos em suas terras ancestrais.

A Funai reconhece atualmente 114 registros de povos indígenas isolados no Brasil, a maioria na Amazônia, dos quais 28 estão confirmados. A divulgação dessas imagens inéditas busca sensibilizar a sociedade e as autoridades sobre a importância de proteger esses grupos vulneráveis, cuja sobrevivência depende diretamente da integridade de seus territórios frente às crescentes pressões externas.

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