Deputado Marcelo Rangel (PSD) questiona critérios da binacional e aponta repasses a MST e eventos culturais, enquanto irmão enfrenta ação judicial por difamação.
O deputado estadual Marcelo Rangel (PSD) acendeu um debate explosivo na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) ao acusar a Itaipu Binacional de direcionar recursos públicos a projetos com “critérios políticos” para beneficiar aliados do governo Lula (PT). Em discurso na segunda-feira (7), Rangel afirmou que a empresa, responsável por 8% da matriz energética brasileira, estaria sendo usada como “galinha dos ovos de ouro do PT”, com contratos que somam R$ 120 milhões apenas em 2025 — incluindo repasses polêmicos a cooperativas do MST e ao festival Lollapalooza, ironizado como “Lulapalooza” .
As Acusações em Detalhe
Rangel destacou três casos que considera emblemáticos:
- R$ 80,7 milhões para o MST: Segundo o parlamentar, a Itaipu destinou valores a cooperativas do movimento sem licitação, sob a justificativa de “inclusão social”.
- R$ 15 milhões ao Lollapalooza: Classificado como “evento de apadrinhamento político”, o festival teria recebido verba sem transparência nos critérios .
- R$ 24 milhões em bolas de basquete: Contrato que previa a compra de 1.500 unidades a R$ 300 cada para 600 alunos, levantando suspeitas de superfaturamento .
Além disso, Rangel vinculou os gastos ao aumento da tarifa de energia elétrica, que subiu 16,80% em fevereiro, segundo o IBGE: “Se a Itaipu não tivesse tantos contratos questionáveis, não teríamos essa pressão inflacionária” .
Ação judicial contra irmão do deputado
A crítica não é isolada. Sandro Alex (PSD), irmão de Rangel e secretário de Infraestrutura do Paraná, enfrenta uma queixa-crime por difamação movida pela Itaipu após chamar a binacional de “usina da corrupção” em programa de rádio da família. A ação, protocolada na 5ª Vara Federal de Foz do Iguaçu, alega que Alex disseminou “ataques levianos” sem provas, incluindo a insinuação de desvios de “bilhões” .
Marcelo Rangel, por sua vez, ecoou as acusações na Alep, reforçando a narrativa de que a empresa prioriza “conveniências políticas” — como o repasse de R$ 1,3 bilhão para a COP30, conferência climática da ONU em Belém em 2025 .
A defesa da Itaipu e o contexto político
A binacional nega irregularidades. Em nota, afirmou que os investimentos seguem “critérios técnicos e legais”, com foco em sustentabilidade e desenvolvimento regional. O deputado Professor Lemos (PT) defendeu a gestão na Alep, citando obras como a ponte entre São João do Triunfo e Lapa, financiada com R$ 10 milhões da Itaipu .
No entanto, críticos apontam que o conselho da empresa passou por uma renovação controversa em 2023, com Lula substituindo indicados de Bolsonaro por nomes como Fernando Haddad e Alexandre Silveira . Dados de 2024 revelam ainda que a Itaipu destinou R$ 4,8 bilhões a convênios sem licitação nos dois primeiros anos do governo petista, incluindo R$ 200 milhões para um complexo hoteleiro em Belém .
Repercussão e próximos passos
Enquanto Rangel promete enviar ofícios para “exigir transparência”, a tensão entre Paraná e União se agrava. O caso expõe a disputa pelo controle de uma das maiores hidrelétricas do mundo, especialmente após o fracasso da renegociação da tarifa com o Paraguai em janeiro de 2024, que manteve o custo em US$ 16,71/kW/mês .
Para analistas, as acusações misturam embates partidários e a histórica rivalidade entre o governo Ratinho Junior (PSD) e o Planalto. Enquanto isso, a população aguarda respostas: os recursos da Itaipu, que deveriam “reduzir a conta de luz”, segundo críticos, estão no centro de uma tempestade política .
Fontes: Mareli Martins | Blog Politicamente | Planalto | Poder360