Embora não ocupe um cargo oficial no governo, a primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, conta com uma estrutura de apoio que não passa despercebida. Um time de ao menos 12 profissionais está à disposição dela, incluindo assessores de imprensa, fotógrafos, especialistas em redes sociais e até mesmo um militar como ajudante de ordens. Segundo informações de servidores da Presidência e militantes do PT, essa equipe custa aos cofres públicos cerca de R$ 160 mil mensais em salários. Desde o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a manutenção desse grupo já teria consumido R$ 1,2 milhão em viagens.
A magnitude da estrutura contrasta com a ausência de um papel formal de Janja no governo. Embora sua atuação seja descrita como ativa nos bastidores, a primeira-dama não possui atribuições claras além do simbolismo associado ao cargo. Em meio a isso, o custo de sua equipe tem gerado debates e suscitado críticas. Para muitos, os gastos reforçam a percepção de privilégios excessivos em um cenário onde o brasileiro médio trabalha quase metade do ano apenas para arcar com impostos.
Padrão PT ou necessidade do cargo?
Aliados do governo defendem que a estrutura é essencial para a projeção de Janja como figura pública. Desde o início do mandato de Lula, ela tem se posicionado como uma das principais articuladoras do Planalto, participando de eventos estratégicos, mobilizações e campanhas de comunicação. A presença de fotógrafos e especialistas em redes sociais, por exemplo, seria justificada pelo alcance que Janja tem nas plataformas digitais, onde busca construir uma imagem moderna e conectada às causas sociais.
Por outro lado, opositores veem o aparato como uma ostentação incompatível com o discurso de austeridade fiscal. “Enquanto famílias brasileiras enfrentam dificuldades para fechar o mês, o Planalto não economiza com luxos para a primeira-dama”, apontou um deputado de oposição em entrevista recente.
Os custos da visibilidade
O caso de Janja não é inédito entre primeiras-damas, mas o valor destinado à sua estrutura é um dos maiores já registrados. Comparações com governos anteriores apontam diferenças significativas. Em um momento em que a gestão pública enfrenta pressões por cortes de gastos, a manutenção de uma equipe desse porte levanta questionamentos sobre prioridades.
A gestão Lula, no entanto, não dá sinais de recuo. Integrantes do Planalto argumentam que a visibilidade da primeira-dama é parte de uma estratégia política maior, alinhada ao esforço de reconstrução da imagem do governo após a polarização das últimas eleições.
Resta saber se a população brasileira, que já carrega um pesado fardo tributário, concordará com a justificativa. A estrutura milionária de Janja deve continuar sendo alvo de discussões acaloradas, especialmente em um momento em que cada gasto público está sob escrutínio.