A Justiça do Paraná autorizou, na sexta-feira (14), que o ex-policial penal Jorge Guaranho, condenado a 20 anos de prisão pelo assassinato do tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) Marcelo Arruda, cumpra a pena em regime domiciliar. A decisão ocorreu um dia após a condenação, baseando-se no estado de saúde debilitado do réu, que sofreu sequelas graves após o crime ocorrido em julho de 2022 .
O crime e o julgamento
Marcelo Arruda foi morto em 9 de julho de 2022, durante sua festa de aniversário de 50 anos, que tinha como tema o PT e o então candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo as investigações, Guaranho invadiu a festa gritando palavras de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro e, após uma discussão, retornou armado e atirou contra Arruda, que revidou. O tesoureiro do PT não resistiu aos ferimentos e morreu na madrugada do dia seguinte. Guaranho também foi baleado e agredido por convidados, resultando em fraturas graves e sequelas neurológicas .
O julgamento de Guaranho ocorreu no Tribunal do Júri de Curitiba entre os dias 11 e 13 de fevereiro de 2025, após ser transferido de Foz do Iguaçu, local do crime, devido ao risco de parcialidade dos jurados. O réu foi condenado por homicídio duplamente qualificado, com as agravantes de motivo fútil (relacionado à polarização política) e perigo comum (por colocar outras vidas em risco durante o tiroteio) .
A decisão pela prisão domiciliar
A defesa de Guaranho entrou com um habeas corpus logo após a condenação, alegando que o ex-policial enfrenta limitações motoras e neurológicas decorrentes das agressões sofridas no dia do crime. Segundo os advogados, ele perdeu dentes, fraturou a mandíbula e tem dificuldades para se locomover, necessitando de fisioterapia e acompanhamento médico especializado, o que seria inviável em um presídio comum .
O desembargador Gamaliel Seme Scaff, responsável pela decisão, considerou que a saúde precária de Guaranho justifica a prisão domiciliar, desde que ele use tornozeleira eletrônica, não se ausente da comarca de Curitiba sem autorização e compareça periodicamente à Justiça. A medida foi classificada como liminar, e o mérito do pedido ainda será analisado pelo Tribunal de Justiça do Paraná .
Repercussão e críticas
A decisão gerou controvérsia, especialmente entre familiares de Marcelo Arruda e militantes do PT. A viúva de Arruda, Pamela Silva, expressou frustração com o fato de o assassino de seu marido estar em casa enquanto a família ainda lida com a dor da perda. Lideranças políticas e ativistas de direitos humanos também acompanharam o julgamento, esperando que a Justiça fosse feita de forma integral .
Conclusão
O caso de Marcelo Arruda e Jorge Guaranho reflete a tensão política que marcou o Brasil em 2022, durante as eleições presidenciais. A decisão pela prisão domiciliar, embora fundamentada em questões de saúde, reacende debates sobre a aplicação da justiça em crimes de alta gravidade. Enquanto Guaranho cumpre a pena em casa, a família de Arruda busca seguir em frente, esperando que a condenação de 20 anos seja cumprida de forma integral .