Evento “Som Locomotivo” em Paiçandu gera revolta: mãe relata que filho perde aulas por falta de acesso à escola devido a transtornos
Um caso comovente ganhou destaque nas redes sociais nesta semana após uma mãe de Paiçandu, no Paraná, denunciar que o filho está impedido de ir à escola devido aos transtornos causados pelo evento “Som Locomotivo”, autorizado pela prefeitura no centro da cidade. O relato, viralizado no Facebook na última segunda-feira (24), expõe uma crise que une mobilidade urbana, direito à educação e gestão pública.
De acordo com a publicação, a mãe — que preferiu não se identificar — destacou que o filho, que já enfrenta desafios de mobilidade, não consegue chegar à escola por conta do fechamento de vias e do caos no trânsito provocados pela estruturação do evento. “É revoltante ver que a educação do meu filho é negligenciada por causa de um show. Nem todos têm condições de contornar esses obstáculos sozinhos”, desabafou.
Leis polêmicas e apoio político
A autorização do evento, marcado para este fim de semana, foi viabilizada pelas leis municipais 3262 e 3291, sancionadas pelo prefeito e propostas pelos vereadores Carlos Martins e Douglas Enfermeiro. As normas flexibilizam a realização de eventos de grande porte em áreas centrais, mesmo com histórico de reclamações de moradores sobre excesso de barulho e interdições prolongadas.
Segundo moradores, a região já sofre com congestionamentos frequentes, e o “Som Locomotivo” — que deve atrair mais de 5 mil pessoas, segundo a organização — agravará a situação. “É uma falta de empatia. Sabem que idosos, pessoas com deficiência e crianças são os mais afetados”, criticou outra residente em comentário online.
Falta de diálogo e impacto social
A insatisfação popular cresce diante da ausência de medidas para mitigar os impactos. Enquanto cidades vizinhas, como Maringá, limitam o volume de som em eventos a 65 decibéis (conforme a Lei do Silêncio), Paiçandu não especifica padrões, deixando a critério dos organizadores. Especialistas em urbanismo apontam que eventos em áreas centrais exigem planejamento logístico, como rotas alternativas e diálogo com a comunidade — algo que, segundo os moradores, não ocorreu.
Repercussão e cobranças
A publicação da mãe ultrapassou 2 mil compartilhamentos e gerou um abaixo-assinado online pedindo a revisão da autorização. Procurada, a prefeitura afirmou que “respeita o direito à cultura, mas analisará as reclamações”. Já os vereadores envolvidos defenderam o evento como “importante para a economia local”.
Enquanto isso, a mãe aguarda uma solução: “Meu filho só quer estudar. Cadê o direito dele?”. O caso, que já é tema no Twitter com a hashtag #PaiçanduContraoSomLocomotivo, pressiona autoridades a repensarem o equilíbrio entre entretenimento e direitos básicos.