A Justiça da França declarou inelegível por cinco anos Marine Le Pen, líder do partido de extrema-direita Agrupamento Nacional (Rassemblement National, em francês), nesta segunda-feira (31). A decisão ocorre após a magistrada Bénédicte de Perthuis, do Tribunal de Paris, condená-la por desviar 2,9 milhões de euros em fundos públicos do Parlamento Europeu para beneficiar seu partido. Le Pen, que liderava as pesquisas para as eleições presidenciais de 2027, anunciou que recorrerá da sentença.
De acordo com a juíza, o esquema operava por meio de pagamentos fraudulentos a supostos assessores parlamentares que, na realidade, trabalhavam para o Agrupamento Nacional entre 2004 e 2017, período em que Le Pen era deputada em Bruxelas. A magistrada ressaltou que a política estava “no centro” das operações e tinha “pleno conhecimento” das irregularidades.
Contexto e repercussões
Este não é o primeiro processo contra Le Pen. Em 2023, ela foi condenada a restituir 300 mil euros ao Parlamento Europeu por uso indevido de verbas, caso relacionado à mesma investigação. Seu partido, fundado por seu pai, Jean-Marie Le Pen — também condenado por delitos financeiros e declarações negacionistas —, acumula multas e sanções há décadas.
A sentença atual põe em risco a ambição de Le Pen de concorrer à presidência francesa em 2027, eleição na qual aparecia como favorita em pesquisas recentes. Analistas políticos destacam que, mesmo com recurso, a inelegibilidade mancha sua imagem e pode fragmentar o eleitorado da direita nacionalista, beneficiando rivais como o presidente Emmanuel Macron.
Reações
O Agrupamento Nacional classificou a decisão como “política” e “injusta”, afirmando que “a esquerda usa a Justiça para silenciar opositores”. Já partidos de centro e esquerda celebraram o veredito, enfatizando a “necessidade de combater a corrupção”.
O que diz a lei francesa
A inelegibilidade por cinco anos é a pena máxima para crimes financeiros na França. Se o recurso de Le Pen for rejeitado, ela não poderá disputar cargos eletivos até 2029, embora possa permanecer como líder partidária.
O caso reacende o debate sobre o controle de fundos europeus e expõe tensões entre o projeto de união fiscal da UE e práticas políticas nacionais. Enquanto isso, a extrema-direita francesa enfrenta mais um capítulo turbulento em sua trajetória.
Com informações de Le Monde, G1 e Agence France-Presse.
Nota: A matéria foi atualizada com dados históricos, contexto jurídico e reações políticas, seguindo padrões gramaticais do português brasileiro e informações de fontes públicas.