A Prefeitura de Maringá está prestes a enviar à Câmara Municipal, em fevereiro, um projeto que visa armar a Guarda Civil Municipal (GCM). A iniciativa, em fase final de elaboração por um grupo de trabalho, segue uma tendência observada em diversas cidades brasileiras, como São Paulo, onde as guardas municipais já atuam armadas.
Em dezembro de 2024, Maringá inaugurou o Centro de Integração e Treinamento para forças de segurança, destinado ao aprimoramento das habilidades dos profissionais da área, com foco em armamento e tiro. Esse movimento é visto como preparatório para a possível implementação da GCM armada na cidade.
Especialistas divergem sobre a medida. Alguns defendem que uma guarda municipal armada pode atuar de forma complementar às polícias estaduais, reforçando a segurança pública e a prevenção ao crime. Outros alertam para o risco de militarização excessiva das forças municipais, o que poderia levar a confrontos desnecessários e desvio das funções originais dessas corporações.
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicam que, nos últimos dez anos, houve um crescimento de 35,7% no número de municípios brasileiros com Guardas Civis Metropolitanas. No entanto, no mesmo período, o efetivo da Polícia Militar diminuiu 6,8%, e o de policiais civis teve uma redução de 2%.
A experiência de São Paulo, onde a GCM utiliza até fuzis e busca se consolidar como polícia municipal, é frequentemente citada como referência. Porém, críticos apontam que a adoção de armamentos pesados pode desvirtuar a função comunitária dessas guardas, aproximando-as de forças militares e afastando-as da população.
A discussão sobre a militarização das guardas municipais não é exclusiva de Maringá. Recentemente, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, propôs a criação de uma Força Municipal de Segurança armada, complementar às polícias, mas sem atuar em áreas controladas por criminosos. A proposta gerou debates sobre a eficácia e os limites de atuação dessas forças.
Em Maringá, a expectativa é que o projeto seja amplamente debatido na Câmara Municipal e com a sociedade civil, considerando os prós e contras de armar a GCM. A decisão poderá influenciar o modelo de segurança pública adotado na cidade nos próximos anos, equilibrando a necessidade de proteção com a preservação dos direitos e liberdades dos cidadãos.