O Elo Perdido da Privatização: Como a Educação Pública Vira Negócio no Paraná


A reflexão contundente do Professor Regis Clemente da Costa não apenas denuncia a militarização, mas também aponta o dedo para outro câncer que corrói a educação pública paranaense: a privatização. Ele menciona a preocupante tendência de “parcerias com grandes empresários e fundações de bilionários”, e como “manipularam o edital e os empresários irão encher os cofres”. Essa é a face mais lucrativa e, para muitos, mais perigosa do desmonte da educação.
A privatização da educação pública assume diversas formas, desde a terceirização de serviços e a gestão de escolas por organizações sociais, até as famosas “parcerias público-privadas” (PPPs) que transferem a responsabilidade da administração e, por vezes, da infraestrutura, para o setor privado. O discurso é sempre o mesmo: a iniciativa privada seria mais eficiente, moderna e capaz de resolver os problemas que o Estado, supostamente, não consegue.
No Paraná, essa agenda tem ganhado força sob o argumento de que a “empresa sabe como resolver os problemas da educação e que o privado funciona melhor que o público”. Contudo, a realidade por trás desse discurso é mais complexa e, para muitos, preocupante. Quando a educação se torna um negócio, o foco se desloca do aprendizado e do desenvolvimento humano para o lucro. A qualidade do ensino pode ser sacrificada em nome da redução de custos, e a equidade no acesso à educação tende a diminuir.
Um dos principais riscos da privatização é a descaracterização do serviço público. A educação, um direito fundamental garantido pela Constituição, passa a ser vista como uma mercadoria. Isso pode levar à elitização, onde as melhores oportunidades e recursos ficam restritos àqueles que podem pagar ou às escolas que geram maior retorno financeiro para os investidores. O acesso e a permanência na escola pública, que deveria ser universal e inclusivo, correm o risco de se tornar privilégio.
Além disso, a privatização pode gerar um ciclo vicioso de desinvestimento na rede pública. À medida que mais recursos e atenções são direcionados para parcerias com o setor privado, a infraestrutura das escolas estaduais pode se deteriorar ainda mais, os salários dos professores podem ser congelados e a oferta de serviços básicos pode ser comprometida. Isso, por sua vez, alimenta o argumento de que “o público não funciona”, justificando ainda mais a expansão do modelo privado.
O Professor Regis Clemente da Costa é veemente ao afirmar que essa “destruição da educação pública paranaense” beneficia “um pequeno grupo de empresários e funcionários públicos que se beneficiam da privatização, de cargos comissionados e status”. A denúncia é clara: por trás das “soluções” propostas, há interesses econômicos poderosos que veem na educação não um direito, mas uma vasta oportunidade de negócio.
A luta contra a privatização da educação é, portanto, uma defesa da própria democracia e da garantia de que todas as crianças e jovens, independentemente de sua condição social, tenham acesso a uma educação pública de qualidade.

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