Paraná à beira do colapso: como a venda do patrimônio público pode levar o estado à falência em 2026?


REPORTAGEM ESPECIAL | O Paraná, tradicionalmente reconhecido por sua robusta economia e infraestrutura, enfrenta uma crise financeira sem precedentes que ameaça seu futuro. Dados oficiais revelam que o estado perdeu 80% das receitas de capital e quase 7% da receita patrimonial nos últimos anos, cenário atribuído à venda de estatais como a Copel, uma das joias do setor elétrico brasileiro. O governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), que pode buscar um novo cargo em 2026, deixará um legado marcado por polêmicas e riscos fiscais.


O desmonte do patrimônio e a dependência de impostos

A estratégia de desinvestimento adotada pelo governo estadual resultou na alienação de ativos estratégicos. A privatização da Copel, concluída em 2023 após intensos debates, gerou receita imediata de R$ 27 bilhões, mas eliminou uma fonte perene de recursos. Especialistas alertam: sem a empresa, o estado perdeu não apenas dividendos anuais (que chegavam a R$ 500 milhões), mas também capacidade de investimento em áreas críticas, como energia e infraestrutura.

Enquanto isso, as receitas correntes subiram 5,5% em 2024, atingindo R$ 69,3 bilhões, crescimento puxado pelo aumento da carga tributária sobre os contribuintes. Para o economista Marcos Costa, do Instituto Paranaense de Desenvolvimento (IPARDES), “a venda de estatais foi um paliativo que transformou riqueza de longo prazo em dinheiro rápido, criando uma bomba-relógio”.


Serviços públicos em risco e aumento da dívida

Relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR) aponta que, sem receitas patrimoniais, o Paraná depende cada vez mais de empréstimos. A dívida consolidada já ultrapassa R$ 100 bilhões, com custo de juros 40% maior que em 2022. Setores como saúde e educação, que receberam cortes de 12% no orçamento de 2025, sofrem com a falta de repasses.

“Estamos caminhando para um colapso nos serviços básicos. A conta será paga pela população mais pobre”, critica a deputada estadual Luciana Rafagnin (PT), que lidera uma comissão de fiscalização das privatizações.


O futuro Sob incertezas

Se o ritmo atual se mantiver, projeções do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) indicam que o Paraná pode atingir um déficit de R$ 15 bilhões até 2026, limite que inviabilizaria o pagamento de salários e benefícios sociais. O governo Ratinho Junior defende as medidas como “necessárias para modernizar o estado”, mas evita comentar o aumento da dependência de impostos.

Enquanto isso, movimentos sociais organizam protestos contra novos leilões de estatais, como o da Sanepar, companhia de saneamento que também está na mira do Planalto. Para o cidadão paranaense, a pergunta que fica é: até quando o estado conseguirá pagar suas contas sem seu patrimônio histórico?


SAIBA MAIS: Leia a íntegra do relatório do TCE-PR sobre a dívida do Paraná


Créditos: Reportagem atualizada com dados do IPEA, TCE-PR e IPARDES.

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