Os deputados brasileiros continuam a protagonizar uma polêmica que, ano após ano, ganha as manchetes: a farra com o dinheiro público. Bancados pelos cofres da União, os gastos relacionados à atividade parlamentar vão muito além do necessário para a prática legislativa, alimentando um sistema que sobrecarrega os contribuintes.
Entre as despesas cobertas estão o aluguel de escritórios nas bases eleitorais, a contratação de assessores, contas de internet e, pasmem, até o café consumido em reuniões. Tudo isso, claro, sem que um centavo saia diretamente dos bolsos dos parlamentares, que já contam com salários astronômicos — muito acima do que ganha a maioria esmagadora dos brasileiros.
Enquanto milhões de trabalhadores precisam equilibrar contas apertadas, pagar por suas ferramentas de trabalho e arcar com despesas cotidianas, os representantes eleitos gozam de um sistema que parece funcionar em sentido oposto: é como se o “patrão” (o contribuinte) pagasse até os detalhes mais triviais da rotina de quem deveria representá-lo.
Essa prática escancara um modelo de privilégio que se tornou norma no Congresso Nacional. O contraste entre os altos salários parlamentares e os gastos adicionais que recaem sobre os cofres públicos alimenta a indignação popular. Com a desigualdade social no Brasil ainda em níveis alarmantes, a percepção de que há excessos no uso da verba pública por políticos agrava a crise de confiança nas instituições democráticas.
REFORMA URGENTE?
Especialistas em contas públicas e movimentos por transparência alertam para a necessidade de revisão dessas regalias. Apesar disso, qualquer tentativa de mudança esbarra na resistência dos próprios parlamentares, que, em sua maioria, parecem confortáveis com as facilidades proporcionadas pelo sistema.
A pergunta que fica no ar é: até quando o Brasil continuará bancando uma estrutura política que ignora as condições econômicas da população? A farra do café, dos aluguéis e das “andanças” parlamentares não passa despercebida e, mais cedo ou mais tarde, a conta chega — só não para quem deveria pagá-la.