Privatização no Paraná: sindicalistas e professores acusam governo de esvaziar educação pública e direitos

Enquanto governo defende projeto como “modernização”, categoria denuncia precarização, rombo nos cofres e riscos à sociedade

A discussão sobre o polêmico projeto de privatização de escolas estaduais no Paraná, encampado pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), ganhou novos capítulos nas redes sociais e em debates públicos. Professores, sindicalistas e especialistas em educação acendem o alerta sobre os impactos da medida, que, segundo eles, vai além da gestão escolar: afetaria direitos trabalhistas, ampliaria desigualdades e abriria precedente para privatizações em outros setores.

Sindicato na mira: “falta consciência de classe”, diz professora
A professora Ana Lucia Pimentel Mais Ribeiro saiu em defesa da APP Sindicato (Associação dos Professores do Paraná) em publicação nas redes sociais. Ela rebate críticas de que a entidade seria responsável pelos impasses nas negociações com o governo: “O sindicato fez e está fazendo quase o impossível, assim como os deputados de esquerda. Mas de nada vale sem a adesão dos professores e funcionários na luta”.

Ana Lucia criticou a postura de profissionais que, segundo ela, subestimam o projeto: “O governo entra com liminar e ganha. Quem acha que [a privatização] não trará prejuízos futuros está enganado. É um projeto que exclui alunos, causa rombo nos cofres públicos e tira direitos dos servidores. Logo se estenderá a outros setores”.

Funcionários escolares denunciam “Trabalho Escravo”
Já a educadora Sandra Aparecida trouxe à tona relatos impactantes sobre as condições de trabalho de funcionários das escolas: “Não temos direito a férias, não podemos ficar doentes, pois não aceitam atestados — nem para acompanhar filhos. Não fornecem equipamentos de proteção, material ou pagamento em feriados”. A fala revoltada viralizou, com menções a possíveis violações da CLT.

O projeto em disputa: O que diz o governo e os críticos
O plano do governo, apresentado como “modernização” por Ratinho Junior, propõe parcerias público-privadas (PPPs) para administração de escolas. Oficialmente, a meta é melhorar indicadores educacionais. Porém, críticos apontam que o modelo já rejeitado em outros estados, como São Paulo, tende a priorizar metas quantitativas em detrimento da qualidade, além de retirar a autonomia pedagógica das unidades.

Em reportagem anterior, o professor “Sérgio” acusou deputados de esquerda e o sindicato de omissão. A alegação foi contestada pelo professor Sérgio Dantas, que rebateu: “Há oportunismo nesse discurso. Quem critica o sindicato esconde o nome para difamar quem luta. Os deputados de oposição apresentaram mais de 100 emendas para barrar retrocessos, mas a base governista ignora”.

Dados externos Aaentuam preocupações
Estudos citados pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) indicam que experiências similares de privatização no Ceará e em Goiás resultaram em demissões em massa de servidores e aumento de tarifas para estudantes. No Paraná, o TCE (Tribunal de Contas do Estado) emitiu alerta em 2023 sobre riscos de superfaturamento nas PPPs educacionais.

Além disso, o projeto ocorre em um contexto de cortes: o orçamento para educação no estado caiu 9% em 2024, segundo o portal G1 Paraná. Enquanto isso, o governador destinou R$ 220 milhões para um programa de bolsas em escolas privadas, alimentando críticas sobre o desmonte da rede pública.

Conclusão: crise sistêmica ou projeto político?
Enquanto o governo paranaense insiste que a medida é “inevitável para a eficiência”, professores como Ana Lucia enxergam um projeto amplo: “É sobre mídia e números, não sobre pessoas. Sabemos o que está sendo tirado do nosso bolso e da nossa saúde”.

(Fontes consultadas: APP Sindicato, publicações oficiais do governo do Paraná, G1 Paraná, Dieese, TCE/PR)

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