PSDB, PDT e Solidariedade: A corrida pela sobrevivência política em 2026 e os bastidores da fusão que pode mudar o cenário eleitoral


Após derrotas históricas nas eleições municipais, partidos tradicionais negociam federação para escapar da cláusula de barreira e evitar extinção


Em um movimento de pragmatismo eleitoral, PSDB, PDT e Solidariedade (SD) travam negociações intensas para formar uma federação partidária capaz de superar a cláusula de barreira nas eleições de 2026. A estratégia, motivada por derrotas expressivas nas urnas em 2024, busca evitar que essas legendas históricas percam acesso a recursos públicos e tempo de TV — um risco real diante dos critérios mais rígidos que entrarão em vigor .

O desespero pós-2024

Os partidos enfrentam uma crise sem precedentes. O PSDB, que já elegeu 99 deputados federais em 1998, viu sua bancada encolher para 13 cadeiras em 2022 e perdeu quase metade de suas prefeituras em 2024, caindo de 520 para 269 municípios. Já o PDT, que garantiu 17 deputados em 2022, elegeu apenas 148 prefeitos no último pleito — menos da metade do resultado de 2020. O Solidariedade, por sua vez, mesmo após incorporar o PROS, reduziu suas prefeituras de 135 para 62 .

A cláusula de barreira de 2026 exige que os partidos elejam 13 deputados federais (distribuídos em pelo menos nove estados) ou atinjam 2,5% dos votos válidos para a Câmara, com 1,5% em nove unidades da federação. Sem isso, perderão acesso ao fundo partidário e ao horário eleitoral — um golpe fatal para siglas já enfraquecidas .


A federação em construção: aliança de conveniência

As tratativas entre PSDB, PDT e Solidariedade avançam sob a lógica da sobrevivência, ainda que as diferenças ideológicas sejam evidentes. Enquanto o PSDB representa um centro-direita tradicional, o PDT carrega a herança trabalhista de Leonel Brizola. O Solidariedade, por sua vez, busca posicionar-se como uma força de centro sem polarização .

A proposta inclui a formação de uma federação ampliada, possivelmente com até cinco partidos, para evitar o domínio de uma única sigla — problema que afetou alianças anteriores, como a do PT com PCdoB e PV, onde os menores ficaram reféns das decisões petistas . O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, defende que a coalizão seja anunciada ainda em 2025, com o objetivo de estruturar campanhas conjuntas para 2026 .


Obstáculos e riscos

Apesar do senso de urgência, o caminho é tortuoso:

  1. Divergências internas: O PDT ainda avalia se prioriza alianças com o PSB ou Cidadania, enquanto o PSDB enfrenta resistências de setores que preferem uma fusão com o PSD .
  2. Fusões fracassadas: Experiências anteriores, como a do PSDB com o Cidadania — que terminou em rompimento após conflitos em eleições municipais —, mostram a fragilidade dessas uniões .
  3. Domínio partidário: Líderes temem repetir o cenário em que siglas menores são sufocadas. O Cidadania, por exemplo, saiu da federação com o PSDB após ser “escanteado” em decisões estratégicas .

O cenário além do trio

A corrida pela cláusula de barreira não se limita a PSDB, PDT e Solidariedade. Onze partidos estão próximos do limite, incluindo PSOL, Rede e PRD. Enquanto o PSB negocia uma federação com PDT e Cidadania, o MDB busca alianças com Republicanos para equilibrar forças no Centrão .

O Solidariedade, por precaução, já procura alternativas, como aproximações com PRD e Podemos, caso a federação principal não vingue. “Preferimos não nos unir a quem fomenta polarização”, afirma o deputado Zé Silva (SD-MG) .


O que está em jogo

Se a federação avançar, o bloco poderá eleger até 40 deputados federais em 2026, segundo cálculos internos do PSDB . Para o eleitorado, a mudança reflete um sistema partidário em colapso, onde legendas históricas precisam se reinventar ou desaparecer. “É uma questão de existência”, resume o presidente do PDT, André Figueiredo .

Enquanto isso, o Congresso acompanha as articulações. A possível volta das coligações proporcionais, defendida por Figueiredo, é outro tema em debate — uma tentativa de resgatar um instrumento crucial para partidos menores .


Leia mais: Para detalhes sobre as regras da cláusula de barreira e outras federações em negociação, acesse O Globo e CNN Brasil.

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Este texto foi produzido com base em informações públicas divulgadas por veículos de imprensa e fontes partidárias.

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