A derrubada de uma liminar que suspendia ações controversas do governo do Paraná, liderado por Ratinho Júnior (PSD), provocou uma onda de indignação entre educadores e especialistas. Alegando “grave lesão à ordem pública” e potenciais prejuízos ao início do ano letivo, a decisão favorável ao governador reacendeu o debate sobre o futuro da educação no estado e a precarização das condições para professores e alunos.
Para o professor Cham, de Curitiba, a situação é um reflexo da falta de mobilização coletiva contra políticas que, segundo ele, desrespeitam as comunidades escolares. “Como alertávamos, sem luta popular e resistência, o governo vai continuar avançando. Ratinho Júnior coloca a Justiça no bolso e segue desmontando a educação pública.”
O professor Sérgio, de Santa Fé, foi ainda mais contundente: “Essa liminar contra o governador foi derrubada, como já esperávamos. O fundo previdenciário dos professores está à beira do colapso, e logo não haverá recursos nem para os aposentados atuais, muito menos para os futuros. É gravíssimo.”
Crise na previdência e no ensino público
Uma das principais preocupações levantadas pelos docentes é o impacto financeiro das decisões do governo, especialmente sobre o fundo previdenciário dos professores. Para muitos, as ações de Ratinho Júnior colocam em risco não apenas os salários e benefícios dos educadores, mas também a sustentabilidade do ensino público no Paraná.
O professor Barbosa questionou a legitimidade das justificativas apresentadas pelo governo para derrubar a liminar. “Se a desordem pública é causada por um gestor que não cumpre a lei, como podemos falar em ordem? Precisamos que nosso jurídico entre em cena para lutar contra essa afronta aos direitos dos trabalhadores.”
Sindicato sob pressão
Outra crítica recorrente entre os professores é a ausência de ações contundentes por parte do APP-Sindicato, que representa a categoria. Fernando, professor em Ponta Grossa, resumiu o sentimento de muitos colegas: “Onde está o sindicato? Foram eleitos para quê? É preciso mais do que notas de repúdio; precisamos de estratégias efetivas.”
Um futuro incerto
Com o início do ano letivo ameaçado e um ambiente de crescente desconfiança entre professores, governo e sindicatos, a educação no Paraná enfrenta um dos períodos mais turbulentos de sua história recente. A esperança de muitos educadores é que o sistema judiciário reavalie a situação e corrija o que classificam como uma sucessão de ataques ao ensino público.
“A decisão judicial deveria ser uma resposta ao caos instaurado, mas parece que será mais um ano de prejuízos e ameaças”, concluiu Barbosa.
Enquanto isso, comunidades escolares e entidades sindicais avaliam os próximos passos. Resta saber se a pressão popular será capaz de virar o jogo ou se o governo consolidará suas medidas sem resistência significativa.