A paralisação dos professores e funcionários das escolas municipais de São Paulo transcendeu os muros das instituições de ensino, tornando-se um exemplo de organização e um forte golpe contra a política salarial da gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB). A categoria, unida e determinada, tem demonstrado ao Brasil, e em especial aos sindicatos de classe, uma estratégia de mobilização eficaz, focando suas manifestações onde o chefe do executivo municipal marca presença.
Desde o início da greve, deflagrada em abril de 2025 após a rejeição da proposta de reajuste salarial de apenas 2,6% para 2025 e 2,55% para 2026, a tática dos grevistas tem sido clara: confrontar o prefeito diretamente. As manifestações coordenadas visam explicitar o descontentamento da classe trabalhadora da educação diante de um aumento considerado irrisório, especialmente quando contrastado com os reajustes concedidos ao próprio prefeito, seus secretários e vereadores. Essa disparidade salarial inflamou ainda mais a indignação da categoria, que considera a proposta de Nunes uma tentativa de “migalha” em comparação com as necessidades e a importância do trabalho que realizam.
A insatisfação não se resume apenas à questão salarial. Segundo informações apuradas, a greve também levanta pautas como a necessidade de educação integral com condições adequadas, escolas saudáveis e seguras, e uma gestão escolar mais democrática, que envolva a participação dos profissionais da educação. A categoria denuncia o Projeto de Lei (PL) 416/2025, proposto pela prefeitura, como um ataque direto aos direitos dos trabalhadores e uma prática antissindical, que ignora o diálogo com as entidades representativas da classe.
Apesar da forte mobilização e da pressão exercida pelos grevistas, a Câmara Municipal de São Paulo, com o apoio da base governista, aprovou o PL 416/2025 em votação final no dia 30 de abril. A decisão, que prevê o reajuste parcelado e abaixo da inflação, não demoveu a categoria, que segue firme na greve, buscando uma negociação justa e um reconhecimento salarial digno. As assembleias da categoria continuam sendo realizadas, demonstrando a união e a persistência dos profissionais da educação na luta por seus direitos. O movimento grevista em São Paulo serve de inspiração para outras categorias e reforça a importância da organização e da pressão popular na busca por condições de trabalho e salários justos.
São Paulo em chamas: professores e servidores dão lição de greve organizada e desafiam sumento “Migalha” de Ricardo Nunes
