Sogro de mulher presa por suspeita de envenenar bolo também ingeriu arsênio

A investigação sobre o caso de envenenamento que chocou o Rio Grande do Sul ganhou novos contornos nesta sexta-feira (10). Exames do Instituto-Geral de Perícias (IGP) confirmaram que Paulo Luiz dos Anjos, 68 anos, sogro de Deise Moura dos Anjos — presa sob suspeita de envenenar um bolo que resultou na morte de três pessoas em Torres — também foi vítima de envenenamento por arsênio antes de falecer em setembro de 2024.

Paulo morreu após consumir bananas e leite em pó que lhe foram entregues por Deise em sua residência em Arroio do Sal. Inicialmente, a causa da morte foi atribuída a complicações de uma infecção intestinal. Contudo, após a prisão de Deise pelo envenenamento do bolo de Natal, a polícia solicitou a exumação do corpo de Paulo. As análises laboratoriais detectaram a presença significativa de arsênio em seu organismo, afastando a hipótese de intoxicação alimentar acidental.

Deise é acusada de ter envenenado a farinha utilizada no preparo de um bolo consumido durante uma confraternização familiar em 23 de dezembro de 2024, em Torres. O incidente resultou na morte de três mulheres: Neusa Denise Silva dos Santos, 65 anos; Tatiana Berenice Silva dos Anjos, 43 anos; e Maida Berenice Flores da Silva, 58 anos. Outras quatro pessoas, incluindo uma criança de 10 anos, foram hospitalizadas após ingerirem o doce contaminado.

As investigações revelaram que Deise adquiriu arsênio pela internet após realizar pesquisas sobre venenos inodoros e insípidos. Em um período de cinco meses, ela efetuou quatro compras da substância, utilizando-a primeiro no sogro e, posteriormente, nas demais vítimas. A polícia também descobriu que, após a morte de Paulo, Deise tentou convencer a família a cremar o corpo, possivelmente para eliminar evidências do envenenamento. No entanto, a cremação não ocorreu devido à falta de assinaturas médicas necessárias.

A delegada Sabrina Deffente, responsável pelo caso, descreveu Deise como “extremamente manipuladora” e não descartou a possibilidade de outras tentativas de envenenamento por parte da suspeita. Mensagens obtidas pela polícia indicam que Deise persuadiu familiares a não investigarem profundamente a causa da morte do sogro. Além disso, durante a internação de sua sogra, Zeli dos Anjos, após o incidente do bolo, Deise teria levado alimentos ao hospital, que não foram consumidos. O recipiente de um suco foi entregue à polícia para análise.

Com a confirmação do envenenamento de Paulo, Deise poderá enfrentar novas acusações, incluindo mais um homicídio. Atualmente, ela está detida no Presídio Estadual Feminino de Torres, sob acusação de triplo homicídio duplamente qualificado e tentativa de triplo homicídio. A defesa de Deise ainda não se manifestou sobre as acusações mais recentes.

Este caso levanta questões inquietantes sobre a confiança dentro do núcleo familiar e os limites da crueldade humana, deixando a comunidade local em estado de choque e apreensão.

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