Starmer adverte Europa: acordos frágeis com Rússia são armadilha e Ucrânia deve estar no centro das negociações


Líder britânico critica falhas do passado e defende papel central de Kiev em eventual diálogo de paz, enquanto Ocidente discute estratégia.

Em entrevista coletiva no domingo (2), o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, destacou a necessidade de os líderes europeus “aprenderem com os erros históricos” ao lidar com a Rússia, referindo-se explicitamente ao fracasso do Acordo de Minsk (2014-2015). O tratado, que buscava pacificar a região do Donbas, foi violado por Moscovo, culminando na invasão em larga escala da Ucrânia em 2022.

“Não podemos repetir acordos ingênuos, como o de Minsk, que a Rússia descumpriu impunemente. A Ucrânia precisa estar no comando das negociações, sem pressões por concessões territoriais”, afirmou Starmer, em tom contundente. O premiê, que assumiu o cargo após a vitória do Partido Trabalhista nas eleições de julho, sinaliza continuidade no apoio militar britânico a Kiev, herdado do governo conservador.

Contexto Internacional:
A declaração ocorre durante uma cúpula emergencial da UE em Bruxelas, focada em aumentar a pressão econômica sobre a Rússia e definir uma posição unificada sobre o conflito. Dados do Institute for the Study of War revelam que os avanços ucranianos em 2023, embora limitados, forçaram o Kremlin a reposicionar tropas, enfraquecendo frentes como a de Kharkiv.

Starmer também abordou a postura dos EUA, classificando-a como “não confiável” — uma crítica velada às incertezas geradas pelas eleições americanas de 2024, onde o possível retorno de Donald Trump ameaça reduzir o apoio ocidental. Em 2024, a demora na aprovação de auxílio militar pelo Congresso dos EUA já havia gerado temores em Kiev.

Especialistas ponderam que o discurso reflete preocupação com fissuras na aliança ocidental. Para Olga Stefanova, analista do Carnegie Europe, “Starmer tenta capitalizar o momento para posicionar o Reino Unido como líder europeu na defesa ucraniana, especialmente após o Brexit”.

Reação Ucraniana:
O governo Zelensky, que condiciona negociações à retirada total das tropas russas, elogiou a fala de Starmer. Em rede social, o presidente ucraniano afirmou: “Parceiros fortes entendem que paz não significa capitulação”.

Enquanto isso, o Kremlin respondeu com ironia. O porta-voz Dmitry Peskov acusou o Ocidente de “alimentar a guerra” e reiterou que Moscovo está aberta a diálogo, mas sob “condições realistas” — eufemismo para anexações territoriais.

O Que Esperar:
A cúpula da UE deve concluir com novas sanções ao setor energético russo e promessas de treinamento militar a tropas ucranianas. Enquanto a guerra entra em seu terceiro ano, a pressão por uma solução diplomática cresce, mas as divergências sobre os termos ainda são abismais.


Créditos: Com informações de BBC News, Reuters e Carnegie Europe.

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