O anúncio de tarifas de 10% sobre o suco de laranja brasileiro importado pelos Estados Unidos, feito pelo presidente Donald Trump, elevou os custos do setor a um patamar crítico. Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), a medida deve gerar um impacto anual de US$ 100 milhões (cerca de R$ 585 milhões) apenas com a nova taxa, somando-se aos US$ 86 milhões em tarifas já existentes, totalizando US$ 186 milhões (aproximadamente R$ 1,1 bilhão) em custos extras para os exportadores .
Os Estados Unidos são o principal destino do suco brasileiro, absorvendo 37% das exportações do produto, com vendas anuais de 235,5 mil toneladas . A dependência do mercado norte-americano, no entanto, expõe o setor a riscos, especialmente em um cenário de queda de 50% nos preços futuros do suco na Bolsa de Nova York desde setembro de 2024 .
Cadeia produtiva sob pressão
A nova tarifa se soma a uma taxa fixa de US$ 415 por tonelada já cobrada pelos EUA, elevando o custo total para US$ 840 por tonelada. Com isso, os importadores americanos tendem a repassar o aumento aos preços finais, o que pode reduzir o consumo interno no país. “O produto chegará mais caro nas prateleiras, e a primeira tendência é a queda na demanda”, explica Mateus Nicacio, especialista em direito tributário .
Para os produtores brasileiros, a situação é agravada pela desvalorização do suco no mercado internacional: os contratos futuros caíram para US$ 2,58 por libra-peso em abril, após atingirem picos históricos de US$ 5 no final de 2024 . “É uma conjuntura incômoda: preços em queda e tarifas corroendo a receita”, lamenta Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR .
Mexicanos na mira, mas Brasil ainda em desvantagem
Apesar do cenário adverso, a posição brasileira é menos crítica que a do México, segundo maior fornecedor de suco para os EUA, que recebeu uma tarifa de 25%. Ainda assim, especialistas destacam que a medida de Trump ignora a relação histórica entre a indústria da Flórida e o Brasil, que há décadas complementam a produção norte-americana — hoje limitada pela doença HLB (greening), que devastou pomares locais .
“A marca ‘100% Flórida’ não existe mais. Os engarrafadores americanos dependem do nosso suco”, afirma Netto . Na safra 2024/25, 85% das importações de suco de laranja dos EUA virão do Brasil, reforçando a interdependência .
Busca por novos mercados e tensão global
Enquanto o governo brasileiro negocia a abertura de mercados como Coreia do Sul (com tarifa reduzida de 54% para 10%) e Índia, a realocação das exportações é desafiadora. “Outros destinos não surgem do dia para a noite”, reconhece Netto . Paralelamente, a guerra comercial global — com tarifas de até 54% para a China e 20% para a UE — ameaça desestabilizar o comércio internacional, segundo analistas .
Para o agronegócio brasileiro, há riscos e oportunidades. Enquanto setores como café e carne bovina podem se beneficiar de tarifas menores que concorrentes , o suco de laranja enfrenta um caminho estreito: manter as exportações para os EUA com margens reduzidas ou diversificar mercados em meio à incerteza global .
(Fontes: CitrusBR, CNN Brasil, Diário do Comércio, Agência Brasil)
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