Há exatos três anos, em 5 de junho de 2022, o mundo perdia o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira em um brutal assassinato no Vale do Javari, Amazônia. A dupla foi morta enquanto realizava pesquisas para um livro que, agora, emerge como um legado e um grito de alerta: “Como salvar a Amazônia: Uma busca mortal por respostas” (Companhia das Letras, 2025). A publicação da obra, três anos após o crime que chocou o Brasil e o mundo, não apenas homenageia a memória de Phillips e Pereira, mas também reacende o debate sobre a proteção da floresta e de seus defensores.
O lançamento do livro é um marco doloroso e significativo. Ele materializa a dedicação de Dom Phillips, que vivia no Brasil há mais de 15 anos e se dedicava à cobertura ambiental, e de Bruno Pereira, um dos mais respeitados indigenistas da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), conhecido por sua incansável defesa dos povos indígenas e do meio ambiente. Ambos estavam profundamente imersos nas complexidades da Amazônia, investigando as ameaças e buscando soluções para a crise ambiental e social que assola a região.
O Vale do Javari, local do crime, é uma das áreas mais isoladas e biodiversas do mundo, abrigando o maior número de povos indígenas isolados do planeta. No entanto, é também um palco de conflitos crescentes, impulsionados pela pesca ilegal, o garimpo clandestino, o tráfico de drogas e o desmatamento. A atuação de Phillips e Pereira, ao expor essas realidades, inevitavelmente os colocou na mira de criminosos que operam na região.
A investigação do caso levou à prisão de Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, que confessou ter atirado em Dom e Bruno. Outros envolvidos também foram detidos, mas a complexidade e as ramificações do crime sugerem a existência de mandantes e uma rede maior de atuação criminosa. Três anos depois, a família e os amigos de Dom e Bruno ainda clamam por justiça plena, buscando identificar e responsabilizar todos os envolvidos, especialmente aqueles que orquestraram o assassinato.
O livro “Como salvar a Amazônia” surge nesse cenário como uma ferramenta poderosa. Ele não é apenas um relato investigativo, mas também um convite à reflexão e à ação. A obra aprofunda as questões que Dom e Bruno exploravam: os desafios da conservação, as pressões sobre as comunidades indígenas, a exploração ilegal de recursos e as possíveis saídas para um futuro mais sustentável na Amazônia.
A publicação da obra, que já figura entre os títulos mais aguardados, tem o potencial de não apenas manter viva a memória de Dom Phillips e Bruno Pereira, mas também de amplificar suas vozes e a urgência de sua causa. Ao trazer à tona as investigações e descobertas da dupla, o livro se torna um documento essencial para entender as ameaças enfrentadas pela Amazônia e para inspirar a luta pela sua preservação. A esperança é que “Como salvar a Amazônia” seja mais do que uma homenagem póstuma; que seja um catalisador para a mudança e para que a Amazônia e seus defensores recebam a atenção e a proteção que merecem.
Três Anos de Impunidade: Livro Póstumo de Dom Phillips e Bruno Pereira Lança Luz Sobre a Luta Pela Amazônia
