Trump chama tarifas de “remédio” e cobra “muito dinheiro” para suspender medidas que abalam economias
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou nesta semana sua política de tarifas comerciais agressivas, classificando-as como um “remédio” necessário para corrigir o que chama de “abusos históricos” contra a economia americana. Em declarações a bordo do Air Force One, Trump afirmou que países terão que pagar “muito dinheiro” anualmente para negociar a suspensão das taxas, que chegam a 50% e já provocaram quedas bilionárias nas bolsas globais .
A metáfora do “remédio” e a exigência de pagamento
Em discurso no domingo (6/4), Trump comparou as tarifas a um tratamento médico doloroso, mas necessário: “Eu não quero que nada caia. Mas, às vezes, é preciso tomar um remédio para consertar algo”. A justificativa vem após o anúncio de tarifas “recíprocas” sobre importações de países como China, Brasil e membros da União Europeia, alegando déficits comerciais “abusivos” .
Segundo o republicano, líderes da Ásia e Europa estão “desesperados” para negociar, mas ele exige contrapartidas financeiras: “Eles estão vindo para a mesa, mas não há conversa a menos que nos paguem muito dinheiro anualmente”. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, revelou que mais de 50 nações já iniciaram tratativas com os EUA .
Mercados em colapso e a ameaça de recessão global
As medidas de Trump já causaram turbulência financeira. Na segunda-feira (7/4), bolsas asiáticas despencaram:
- Japão: Nikkei 225 caiu 7%, com circuit breaker ativado para conter pânico .
- Hong Kong: Hang Seng teve queda recorde de 12%, com ações de gigantes como Alibaba e Tencent em baixa de 8% .
- Taiwan: Queda de 10%, a maior em um único dia, impulsionada por empresas como TSMC .
Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 recuou 4,3%, enquanto o Ibovespa brasileiro fechou em queda de 1,76% . Analistas alertam que a escalada tarifária pode levar a uma recessão global, com aumento de preços e redução da confiança dos investidores .
China e a guerra comercial: uma escalada perigosa
A China tornou-se o principal alvo de Trump. Após Pequim retaliar com tarifas de 34%, o americano ameaçou aumentar as taxas em 50% adicionais se o país não recuasse até 8 de abril. “Se a China não retirar seu aumento, os EUA imporão 50% de tarifas extras”, publicou Trump na Truth Social .
A medida elevou o imposto total sobre produtos chineses para 104%, enquanto a China respondeu subindo suas retaliações para 84% . O confronto já impactou setores como tecnologia e manufatura, com empresas como Foxconn e TSMC registrando perdas expressivas .
Brasil na mira: 10% de tarifas e tensão diplomática
O Brasil foi taxado em 10% sobre a maioria de suas exportações para os EUA, com exceção de aço e alumínio, já sujeitos a 25% desde março . O governo brasileiro lamentou a decisão e avalia recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC), mas evitou falar em retaliação .
Setores como semi-manufaturados de ferro, aviões e etanol são os mais afetados, segundo a economista Iana Ferrão (BTG Pactual). Apesar disso, analistas como Christopher Garman (Eurasia Group) destacam que o Brasil saiu menos prejudicado que países asiáticos .
“Puxa-sacos” e críticas internas
Trump não poupou aliados. Em evento republicano, ironizou líderes que “puxam seu saco” (“kissing my ass”) para negociar . Também atacou republicanos críticos de seu “tarifaço”, afirmando: “Você não negocia como eu” .
Na Truth Social, o presidente defendeu sua política: “Tarifas são uma coisa linda! Reverteremos o superávit da era Biden” . A postura, no entanto, divide opiniões: enquanto industriais americanos apoiam a proteção, economistas temem inflação e desequilíbrios comerciais .