Ucrânia e EUA firmam acordo estratégico por terras raras: vitória para Zelensky e sinal para Moscou?


Kiev, Ucrânia – Em um movimento que pode redefinir a geopolítica de recursos minerais críticos e enviar uma mensagem clara para Moscou, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky celebrou um acordo “realmente justo” com os Estados Unidos para a exploração de terras raras em território ucraniano. A assinatura do documento, anunciada nesta quinta-feira (1º de maio de 2025), abre caminho para que empresas americanas acessem jazidas significativas de minerais, petróleo e gás na Ucrânia, que detém aproximadamente 5% das reservas minerais mundiais.
O acordo, que já era esperado desde a visita de Zelensky a Washington em fevereiro, mas que não se concretizou devido a interrupções na agenda, foi finalmente selado, gerando otimismo em Kiev. Zelensky enfatizou que a Ucrânia manterá total controle sobre seu subsolo, infraestrutura e recursos naturais, afastando quaisquer temores de perda de soberania. Além disso, garantiu que o apoio militar e financeiro bilionário dos EUA desde a invasão russa em 2022 não está atrelado a nenhuma forma de “dívida” decorrente deste acordo.
Do lado americano, o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, declarou que “como o presidente [Donald Trump] disse, os Estados Unidos estão comprometidos em ajudar a facilitar o fim desta guerra cruel e sem sentido”. Bessent também destacou que o acordo sinaliza o compromisso de longo prazo do governo Trump com uma Ucrânia “livre, soberana e próspera”.
Terras Raras: Ouro Moderno com Impacto Global
As chamadas “terras raras” são um conjunto de 17 elementos químicos essenciais para diversas indústrias de alta tecnologia, incluindo a produção de ímãs permanentes utilizados em veículos elétricos, turbinas eólicas, eletrônicos de consumo e equipamentos militares. A crescente demanda global por esses minerais, impulsionada pela transição energética e pelo desenvolvimento tecnológico, torna o acesso a novas fontes estratégicamente crucial.
Para o Brasil, a exploração de terras raras em território ucraniano representa mais um elemento no complexo cenário global de fornecimento desses minerais. Atualmente, a China detém um domínio significativo na produção de terras raras, e acordos como este entre Ucrânia e EUA podem influenciar a diversificação da oferta global e a redução da dependência de um único país.
Implicações Geopolíticas
Analistas apontam que este acordo tem implicações geopolíticas importantes. Ao garantir o acesso a recursos críticos na Ucrânia, os Estados Unidos fortalecem sua posição estratégica no cenário global e oferecem uma alternativa à dependência da China. Além disso, o pacto pode ser interpretado como um sinal de apoio contínuo à Ucrânia em meio ao conflito com a Rússia, demonstrando um interesse americano de longo prazo na estabilidade e prosperidade do país.
Para a Rússia, o acordo pode ser visto como um desafio direto aos seus interesses na região. A exploração de recursos naturais na Ucrânia por empresas americanas pode fortalecer economicamente o país vizinho e consolidar laços com o Ocidente.
Próximos Passos
Apesar do anúncio e da celebração do acordo, os detalhes práticos sobre a exploração das terras raras ainda devem ser definidos. Questões como os prazos para início das operações, os investimentos necessários e a logística de produção e transporte deverão ser negociadas nos próximos meses. No entanto, a assinatura deste acordo representa um marco importante para a Ucrânia e para a estratégia global dos Estados Unidos em relação aos recursos minerais críticos.

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