A implantação de sistemas de monitoramento em massa nas escolas do Paraná, sob o discurso de “modernização” e “eficiência”, revela-se um projeto autoritário que transforma salas de aula em laboratórios de controle. Durante os governos de Ratinho Junior, a gestão de Renato Feder na Secretaria de Educação e a atuação de Roni Miranda como secretário após saída de Feder. A dupla pavimentaram o caminho para ferramentas como câmeras de vigilância em tempo real, Power BI para rastreamento de dados, plataformas digitais burocráticas e até sistemas de ponto digital para professores. O resultado? Um ambiente educacional intoxicado pela desconfiança, onde professores são tratados como suspeitos e alunos, como números a serem vigiados.
A revolta da categoria docente não é à toa. Além do excesso de burocracia digital — que rouba tempo que deveria ser dedicado ao planejamento pedagógico —, a obsessão por métricas e o Big Brother educacional sufocam a criatividade e a autonomia. Câmeras apontadas para professores, relatórios diários e observações intrusivas de aula não melhoram a educação: só alimentam um clima de medo e punição. Não surpreende que, diante da possível exoneração de Roni Miranda, muitos torçam para que ele “volte à sala de aula” e sinta na pele o peso de suas próprias políticas. Afinal, como diz o ditado, “quem ama o rigor, que experimente o chicote”.
Mas a crítica vai além de nomes. Trata-se de um modelo que prioriza a vigilância em detrimento da dignidade docente e do direito dos alunos a uma educação humanizada. Enquanto o Paraná gasta milhões em sistemas de controle, faltam investimentos em formação continuada, salários justos e infraestrutura escolar. O que está em jogo é a própria concepção de educação: queremos escolas-cárcere ou espaços de emancipação?
A resistência, porém, cresce. Professores, estudantes e sindicatos pressionam por um debate público sobre o tema. Afinal, educação não se faz com algoritmos, mas com confiança — e isso nenhuma câmera vai capturar.
