Freiras fugitivas: Bernadete, Regina e Rita podem ficar no convento Goldenstein sob condição de abandonar redes sociais
A saga das três freiras austríacas que fugiram de uma casa de repouso para retornar ao seu antigo lar, o Convento Goldenstein, nos Alpes, ganhou um novo e decisivo capítulo. As irmãs Bernadette (88), Regina (86) e Rita (82), que se tornaram um fenômeno viral nas redes sociais ao longo dos últimos meses, receberam uma proposta da Igreja: poderão permanecer no local que consideram seu lar, mas com a exigência de abandonarem as plataformas digitais.
A história das últimas religiosas do Convento Goldenstein, nos arredores de Salzburgo, Áustria, ganhou notoriedade global após a fuga no início de setembro de 2025. Contra a vontade do trio, a Arquidiocese de Salzburgo e a Abadia de Reichersberg, responsáveis pelo local, decidiram em dezembro de 2023 transferi-las para uma casa de repouso católica. Isso ocorreu após a comunidade ser oficialmente dissolvida no início de 2024, mesmo com as freiras possuindo um direito vitalício de residência, enquanto a saúde permitisse.
A fuga e o sucesso nas redes
Em um ato de rebeldia e profunda saudade do lar, as irmãs, que passaram grande parte de suas vidas no Castelo Goldenstein, que funciona como convento e escola desde 1877, organizaram a fuga. Com o auxílio de ex-alunas e de um chaveiro, elas voltaram ao convento, que estava com as chaves trocadas e sem as devidas condições básicas de moradia (inicialmente sem água e eletricidade).
A comunidade de apoio, formada por ex-alunos e vizinhos, rapidamente mobilizou-se. Para financiar a permanência e garantir os mantimentos, as freiras criaram perfis nas redes sociais. Publicando vídeos de seu cotidiano e mostrando a determinação em defender seu lar, elas conquistaram milhares de seguidores, transformando-se em um “hit” e angariando apoio financeiro e logístico. A repercussão nas mídias se tornou a principal força motriz para a causa das idosas.
O ultimato da Igreja
Diante do desafio público e da visibilidade internacional, a Igreja propôs um acordo. Segundo o reitor Markus Grasl, da abadia que tutela o convento, as freiras poderão permanecer em Goldenstein, onde viveram por décadas, desde que cumpram duas condições principais:
- Abandonar as redes sociais: O uso das plataformas digitais e a exposição midiática são vistos como um problema para a hierarquia da Igreja.
- Garantir a clausura: As áreas de reclusão do convento não podem mais receber pessoas externas à ordem.
Em troca, a Igreja se comprometeria a fornecer cuidados médicos e acompanhamento espiritual adequados às religiosas. A proposta foi apresentada recentemente, mas, de acordo com relatórios, as irmãs ainda não haviam aceitado as condições.
A determinação, contudo, permanece inabalável. Como declarou a Irmã Bernadette em entrevista, antes de voltarem: “Antes de morrer naquele lar de idosos, eu preferia ir para um prado e entrar na eternidade dessa forma.” A Irmã Rita complementou após o retorno: “Eu fui obediente a vida toda. Estou muito feliz e grata por estar de volta.” O destino das freiras de Goldenstein agora depende da aceitação dos termos, mas a comunidade que as apoia garante que elas continuarão a lutar pelo direito de permanecerem onde se sentem em casa.





