Homem Morto por Leoa Tinha Esquizofrenia e Foi Vítima de Descaso Estatal, Diz Conselheira Tutelar
A trágica morte de um homem atacado por uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara (Bica), em João Pessoa, Paraíba, no último domingo (30), trouxe à tona não apenas o horror do incidente, mas também uma grave denúncia de falha do poder público. A vítima, identificada apenas como “Vaqueirinho”, de 19 anos, era portadora de esquizofrenia e, segundo relatos, havia sido tratada com descaso pelo Estado em relação à sua saúde mental.
Descaso com a Saúde Mental
A conselheira tutelar responsável pelo acompanhamento da vítima, cujo nome não foi divulgado, afirmou que o jovem, que também tinha histórico de passagem pelo sistema prisional, não recebeu o suporte e tratamento adequados para sua condição psiquiátrica. A alegação aponta para uma lacuna crítica na rede de assistência à saúde mental e social da capital paraibana.
”Vaqueirinho” havia sido solto da prisão na sexta-feira (28), apenas dois dias antes da tragédia, após ser detido duas vezes no mesmo dia por atos de vandalismo, como o apedrejamento de uma viatura da Polícia Militar. Segundo a perícia da Polícia Civil, a invasão do recinto da leoa, que possui uma barreira de segurança de mais de 6 metros, é investigada como um possível ato de suicídio.
Detalhes da Invasão e a Leoa
Vídeos chocantes feitos por visitantes do zoológico mostram o momento em que o jovem escala a estrutura lateral da jaula, desce em uma árvore e é atacado pela leoa. O Parque Zoobotânico Arruda Câmara foi imediatamente fechado por tempo indeterminado para que as investigações e os procedimentos oficiais continuem.
A leoa, que não foi sacrificada, demonstrou um alto nível de estresse e choque após o ocorrido, o que dificultou sua recondução ao recinto sem o uso de armas de fogo ou tranquilizantes. O Bica, por meio da Secretaria de Meio Ambiente (Semam), lamentou o ocorrido e manifestou solidariedade à família da vítima, ao mesmo tempo em que garantiu que a segurança do recinto atendia às normas técnicas.
Repercussão e Falta de Suporte
O caso expõe a vulnerabilidade de pessoas com transtornos mentais que vivem em situação de rua ou em condições de risco social, muitas vezes sem o acesso contínuo a medicamentos, terapias e acompanhamento profissional. A conselheira tutelar reitera que a falta de intervenção eficaz e humanizada do Estado culminou na perda trágica da vida de “Vaqueirinho”. A prefeitura de João Pessoa se limitou a dizer que colabora com as autoridades competentes para apurar as circunstâncias do fato.
A morte do jovem ressalta a urgência de uma política pública mais robusta e eficiente para a saúde mental, especialmente no suporte a egressos do sistema prisional e indivíduos com transtornos psiquiátricos graves.





