Alcolumbre e Planalto em Choque por Indicação de Jorge Messias ao STF, Rito Acelerado Aumenta Tensão
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), intensificou o atrito com o Palácio do Planalto sobre a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). A insatisfação de Alcolumbre, que preferia o nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), manifestou-se na aceleração do rito de análise do indicado e em críticas diretas a setores do Executivo, gerando uma crise institucional às vésperas da sabatina.
Críticas e Resistência no Senado
A indicação de Messias, feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desagradou Alcolumbre, que não teria sido consultado previamente. Aliados do presidente do Senado indicam que ele não apoiará a nomeação.
Em nota recente (30/11), Alcolumbre criticou o que chamou de “tentativa de setores do Executivo” de criar a “falsa impressão” de que divergências entre Poderes são resolvidas por “ajuste de interesse fisiológico, com cargos e emendas”. O senador considerou a insinuação “ofensiva não apenas ao Presidente do Congresso Nacional, mas a todo o Poder Legislativo”, reiterando a autonomia da Casa para decidir.
Além da preferência por Pacheco, que goza de simpatia na Casa, o presidente do Senado demonstrou contrariedade com a demora do governo em enviar a mensagem de indicação após o anúncio, interpretando a atitude como uma tentativa de interferir no cronograma. A sabatina de Messias na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida por Alcolumbre, está marcada para o dia 10 de dezembro, um rito considerado acelerado em comparação com indicações anteriores, como a de André Mendonça. O tempo curto é visto como uma estratégia para dificultar as articulações do governo em busca de votos.
Governo Tenta Pacificação e Reage a Insinuações
Em resposta às críticas, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), defendeu o respeito institucional e negou qualquer tipo de “fisiologismo” nas negociações. A ministra rebateu as insinuações de que o Executivo estaria usando cargos e emendas em troca de apoio.
“O governo repele tais insinuações, da mesma forma que repele as tentativas de dar contornos fisiológicos a todo e qualquer ato administrativo ou político, que deve transcorrer com a lisura e a transparência que são a marca de nossa gestão”, escreveu Gleisi em suas redes sociais, defendendo o critério de “mútuo respeito institucional” nas indicações.
Apesar da escalada da tensão, o governo tem tentado costurar uma pacificação, com Messias buscando conversas com parlamentares e até com Rodrigo Pacheco, seu principal rival na disputa pela vaga. Fontes do Planalto indicam que o próprio presidente Lula pode precisar entrar no jogo para negociar pessoalmente com Alcolumbre e garantir a aprovação.
Para ser aprovado, Jorge Messias precisa de 14 votos na CCJ e, em seguida, do apoio de, no mínimo, 41 dos 81 senadores em votação secreta no plenário. O cenário é de incerteza, com a base governista contando com cerca de 30 votos e a oposição trabalhando ativamente para a rejeição do indicado.
O embate entre Davi Alcolumbre e o Planalto demonstra o peso do Senado na aprovação de nomes para o STF e coloca a costura política do governo em um teste decisivo.





