O Partido Liberal (PL) agendou uma reunião de emergência para esta terça-feira, 2 de dezembro, a fim de discutir as implicações da crítica pública feita pela presidente do PL Mulher, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, contra a articulação política da legenda no Ceará. A polêmica se deu após Michelle desautorizar, em discurso, a aliança que o PL local — por meio de seu presidente, o deputado federal André Fernandes — vinha costurando com Ciro Gomes (PSDB), possível candidato ao governo estadual.

​A fala da ex-primeira-dama, proferida no último domingo (30) durante o lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo) ao governo do Ceará, expôs um racha na direita e colocou em xeque a estratégia do partido para a região Nordeste. Michelle Bolsonaro foi incisiva ao se referir a Ciro Gomes: “Mas fazer aliança com um homem que é contra o maior líder da direita? Isso não dá”. O ex-governador cearense é um notório crítico do ex-presidente Jair Bolsonaro, e a aliança com o PL cearense seria vista como um movimento pragmático para unir forças contra o Partido dos Trabalhadores (PT) no estado, conforme defendido pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.

​🗓️ Reunião E Reações Da Família Bolsonaro

​A reunião convocada por Valdemar Costa Neto, que deve contar com a presença de Michelle Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Rogério Marinho (líder da oposição no Senado), tem como objetivo definir a atuação política da ex-primeira-dama e ajustar os ponteiros do partido. O próprio Valdemar já havia manifestado publicamente seu apoio a Ciro Gomes no Ceará, classificando o tucano como a “única forma” de derrotar o PT no estado, chegando a retirar processos judiciais contra o ex-ministro para pavimentar o caminho da aliança.

​A declaração de Michelle não só desautorizou a articulação como gerou uma reação imediata do deputado André Fernandes, que rebateu publicamente a crítica, afirmando que o movimento tinha tido o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro.

​As informações mais recentes apontam que a postura de Michelle no Ceará acentuou divisões na própria família Bolsonaro, mostrando um possível conflito na condução das alianças regionais. A ala que defende o apoio a Ciro Gomes vê o movimento como fundamental para isolar o PT no Nordeste, enquanto a ala de Michelle o considera uma traição ideológica ao “maior líder da direita”.

​O episódio joga luz sobre as dificuldades do PL em equilibrar o pragmatismo político, crucial para eleições estaduais, com a coesão ideológica de sua base bolsonarista mais fervorosa, liderada agora pelo carisma de Michelle Bolsonaro.