Lideranças do Partido Liberal (PL) anunciaram na tarde desta terça-feira, 2, que irão “pausar” as negociações da legenda com o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PSDB) para a disputa eleitoral no estado em 2026. A decisão, tomada após uma reunião de emergência em Brasília, é a resposta formal a um intenso “ruído de comunicação” e a uma crise interna que envolveu a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O impasse surgiu após Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher, criticar publicamente a aproximação articulada pelo deputado federal André Fernandes (PL-CE) com Ciro Gomes. Em evento no Ceará no último domingo (30/11), a ex-primeira-dama declarou apoio ao senador Eduardo Girão (Novo-CE) e questionou a aliança com Ciro, citando as críticas históricas do tucano ao ex-presidente Bolsonaro.
“Fazer aliança com um homem que é contra o maior líder da direita? Isso não dá”, disse Michelle, em referência às declarações de Ciro Gomes, que já chamou Bolsonaro de “genocida” e “ladrão de galinha”.
A fala de Michelle rachou a família Bolsonaro e a cúpula do partido. O deputado André Fernandes e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) rebateram a ex-primeira-dama, afirmando que a articulação com Ciro Gomes tinha o aval do próprio Jair Bolsonaro, atualmente preso. Flávio chegou a classificar o desentendimento público como um “ruído de comunicação” e se desculpou com Michelle após a reunião de emergência.
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Participaram da reunião na sede do PL em Brasília o presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, Michelle e Flávio Bolsonaro, além de André Fernandes e do senador Rogério Marinho (PL-RN).
Após o encontro, o deputado André Fernandes, que preside o PL no Ceará, confirmou à imprensa a suspensão temporária das conversas. Segundo ele, a decisão foi acatada em conjunto. O senador Flávio Bolsonaro reforçou que a prioridade do PL é eleger senadores e reverter o domínio petista no Ceará, e que a liderança de Fernandes para negociar palanques no estado está mantida, mas a composição será feita em conjunto com a direção nacional.
A articulação com Ciro Gomes (PSDB), que recentemente se filiou ao partido e é cotado para concorrer ao Governo do Ceará em 2026, era vista por parte da oposição local como a única capaz de ser competitiva contra uma eventual reeleição do atual governador Elmano de Freitas (PT).
Por enquanto, a “pausa” na negociação é uma tentativa de pacificar o PL e realinhar a comunicação da cúpula com a ala feminina e os filhos do ex-presidente. Os próximos passos da legenda no Ceará serão definidos com “cabeça fria”, conforme declarou Flávio Bolsonaro.





