O empresário e ex-advogado Ricardo Andrade Magro, controlador do Grupo Refit (antiga Refinaria de Manguinhos), é o principal alvo da megaoperação “Poço de Lobato”, deflagrada nesta quinta-feira (27/11/2025) pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), Receita Federal e outras instituições. O grupo é apontado como o maior devedor contumaz do país, acumulando uma dívida tributária superior a R$ 26 bilhões com os cofres públicos estaduais e federais.
A operação cumpriu cerca de 190 mandados de busca e apreensão em cinco estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Maranhão) e no Distrito Federal, com o objetivo de desarticular um sofisticado esquema de fraude fiscal, sonegação de impostos e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis.
Quem é Ricardo Magro
Ricardo Magro, que não estava no Brasil durante a operação, é a figura central do conglomerado. As investigações o descrevem como o “líder” da organização criminosa, que utilizava uma complexa rede de empresas, holdings, fundos de investimento e offshores (inclusive nos EUA) para blindar o patrimônio e ocultar os lucros da sonegação. Documentos indicam que, apenas no último ano, mais de R$ 70 bilhões foram movimentados em operações financeiras complexas.
Além da dívida bilionária, o Grupo Refit é classificado como o maior devedor de ICMS de São Paulo e o segundo maior do Rio de Janeiro. As autoridades suspeitam que a empresa utilizava fraudes fiscais repetidas, simulação de vendas interestaduais de combustíveis e brechas regulatórias.
Ligações e Histórico
- Operação Carbono Oculto: O Grupo Refit entrou no radar após a Operação Carbono Oculto, em agosto de 2025. As investigações apuram se o combustível da Refit abasteceria redes de postos de gasolina controladas por facções criminosas como o PCC (Primeiro Comando da Capital). A Receita Federal já havia apreendido dois navios com carga destinada a Manguinhos em outubro.
- Outros Envolvimentos: Magro tem um histórico de investigações e problemas com a Justiça. Ele chegou a ser preso em 2016 por suspeita de lesar o fundo de pensão Postalis e foi alvo de outras investigações da Polícia Federal.
- Atuação Política: O empresário também atuou como advogado de figuras políticas, sendo amigo do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
Diante do prejuízo bilionário, autoridades como o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, reforçaram a urgência na aprovação do projeto de lei que visa punir os devedores contumazes de maneira mais rigorosa no Congresso Nacional. A proposta cria parâmetros objetivos para a classificação dessas empresas e estabelece punições, como a baixa do CNPJ e a proibição de participar de licitações.





