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Um levantamento recente do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) revelou um salto alarmante no número de municípios fluminenses enfrentando seca moderada. Em fevereiro de 2024, dez cidades do Rio de Janeiro estavam nessa condição; já para fevereiro de 2025, as projeções indicam que o número subirá para 35 – um aumento de 250% em apenas 12 meses. Os dados acendem um alerta sobre a escalada da crise hídrica no estado, com impactos diretos no abastecimento de água, na agricultura e na qualidade de vida da população.
Contexto e Causas
A seca moderada, classificada pelo Cemaden quando há perda de culturas, redução de recursos hídricos e impacto socioeconômico, está associada à drástica diminuição das chuvas nos últimos anos. Especialistas apontam que o fenômeno La Niña, combinado com o desmatamento na Amazônia – que altera os padrões de precipitação no Sudeste –, agrava a situação. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) mostram que o acumulado de chuvas no estado em 2024 ficou 40% abaixo da média histórica, marcando o segundo ano consecutivo de estiagem severa.
Consequências e Impactos
A falta de água já afeta municípios como Resende, Volta Redonda e Barra Mansa, onde o racionamento tornou-se frequente. Na agricultura, culturas como café e cana-de-açúcar registraram perdas de até 30% na safra 2023/2024, segundo a Secretaria de Agricultura do estado. O nível dos reservatórios também preocupa: o Sistema Light, que abastece parte da região metropolitana, opera com apenas 55% de sua capacidade, o menor índice para o período desde 2015.
Medidas Emergenciais e Críticas
O governo estadual anunciou um plano de investimento de R$ 200 milhões para ampliar a infraestrutura hídrica, incluindo a construção de novas barragens e a modernização de estações de tratamento. No entanto, ambientalistas criticam a falta de políticas de longo prazo. “Projetos de reflorestamento e incentivo ao uso consciente da água são urgentes. Sem isso, as crises se repetirão”, afirma Carlos Menezes, coordenador do Fórum Estadual de Meio Ambiente.
Perspectivas Futuras
Se as chuvas continuarem abaixo do esperado, o Cemaden prevê que, até o fim de 2025, mais de 60% do estado poderá entrar em estágio de seca grave. Enquanto isso, a população cobra soluções: “A água falta três dias por semana aqui. Como vamos viver assim?”, desabafa Ana Souza, moradora de Três Rios.
O cenário exige não apenas respostas imediatas, mas uma revisão estratégica sobre o uso dos recursos naturais no Rio de Janeiro – antes que a seca moderada se torne uma catástrofe irreversível.
Nota: Dados complementares foram baseados em relatórios públicos do INMET e declarações de especialistas citadas em veículos como Agência Brasil e O Globo.