Em uma crítica incisiva, o jornalista Reinaldo Azevedo aponta uma “nova fase do golpismo” no cenário político brasileiro, onde a ameaça à democracia viria não mais de um flanco externo, mas sim do próprio coração do Congresso Nacional, personificado nas lideranças do Senado e da Câmara dos Deputados, Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia.
Azevedo utiliza a expressão “déspotas pouco esclarecidos” para definir a atuação dos presidentes das Casas Legislativas, argumentando que a forma como exercem seu poder pode configurar uma usurpação das prerrogativas de outros poderes, enfraquecendo a institucionalidade democrática.
O Golpismo Metamorfoseado no Legislativo
O conceito de “golpismo” na visão do colunista, historicamente associado a tentativas de ruptura institucional, ganha uma roupagem mais sutil e interna. O foco da crítica recai sobre a centralização de poder e a atuação monocrática das presidências do Congresso, em detrimento do funcionamento colegiado e equilibrado.
A menção ao “piti de Alcolumbre” e sua conduta como “dono da República” reflete o descontentamento com o uso de prerrogativas regimentais e constitucionais para travar ou avançar pautas de interesse, como o engavetamento de CPIs ou a definição de calendários de votação de matérias cruciais, muitas vezes gerando atritos com o Poder Executivo.
🗣️ “O piti de Alcolumbre, que tem se comportado como o dono da República, é compreensível. Pensem bem no poder que tem este senhor que, se necessário for, só pode ser julgado e processado no Supremo.”
O Poder Intocável e a Busca por Imunidade
Azevedo não deixa de notar a blindagem institucional que recai sobre essas figuras. A prerrogativa de foro privilegiado é um ponto chave: ao serem julgados e processados apenas no Supremo Tribunal Federal (STF), os chefes do Congresso adquirem um grau de imunidade política e jurídica que, na visão do jornalista, amplia sua margem para manobras e abusos.
Historicamente, as ações de Maia e Alcolumbre à frente de suas Casas foram frequentemente criticadas, sendo alvo de alegações de tentativa de implantar um “parlamentarismo branco” ou de conspirar para enfraquecer o governo, como em momentos de intenso atrito com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Tais acusações, ainda que negadas, ilustram o alto grau de tensão institucional gerado pelas dinâmicas de poder no Legislativo.
Últimas Novidades e a Persistência da Tensão
As críticas de Reinaldo Azevedo se mantêm relevantes em um cenário político onde as lideranças do Congresso continuam a exercer forte influência sobre a agenda nacional.
- Embates por Indicação e Pautas: Mais recentemente, Alcolumbre tem sido figura central em embates, como na questão da indicação de nomes para o STF, onde o Senado, sob sua liderança, exerce um papel de ‘filtro’ que se tornou objeto de intenso debate. Azevedo, em análises mais atuais, chegou a pedir que a “guerra de Alcolumbre” fosse apurada pelo jornalismo investigativo, questionando a razão da sua “fúria” em determinados temas.
- O Envolvimento com o STF: A relação entre o Congresso e o Supremo, marcada por decisões que influenciaram a possibilidade de reeleição dos presidentes das Casas (como ocorreu com Maia e Alcolumbre em 2020), reforça a percepção de uma interdependência complexa e, por vezes, questionável, que contribui para a sensação de um poder concentrado.
A matéria de Reinaldo Azevedo, portanto, ressoa a preocupação de que o excessivo poder nas mãos dos líderes do Congresso, somado à sua blindagem jurídica, representa uma forma moderna de desvio institucional, colocando em risco o equilíbrio e a saúde da democracia brasileira.





