A trajetória escolar de Carlos Roberto Massa Júnior, o Ratinho Junior, marcada por expulsões em colégios privados e a conclusão do Ensino Médio pela Educação de Jovens e Adultos (EJA), ganha um novo e polêmico contraste com as recentes políticas de seu governo no Paraná. Críticos apontam que o próprio caminho educacional do governador, que recorreu à modalidade pública de ensino para finalizar os estudos, paradoxalmente sustenta um ódio à educação pública que se manifesta no sucateamento do EJA e em projetos de terceirização da gestão escolar.

Para quem conhece o histórico do atual governador do Paraná, o fato de ele ter concluído o ensino médio por meio do EJA, modalidade de ensino público destinada a jovens e adultos que não terminaram a educação básica na idade regular, serve como um ponto de partida para a crítica. Conforme relatos que circulam no cenário político e educacional paranaense, Ratinho Junior, filho do apresentador Carlos Massa (Ratinho), teve uma juventude turbulenta, o que teria resultado em expulsões sucessivas nos melhores colégios particulares de Curitiba. Sem opções na rede privada, o EJA da rede pública estadual teria sido o caminho para obter seu diploma de segundo grau.
O Contraste entre o Aluno e o Governador
O que choca educadores, sindicatos e defensores da educação pública é a postura de Ratinho Junior como governador em relação à mesma modalidade que o formou. Desde 2019, sua gestão tem sido alvo de duras críticas por medidas que, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), configuram um desmonte da Educação de Jovens e Adultos no estado.
Os números divulgados pelo Censo Escolar corroboram a denúncia:
- Queda drástica de matrículas: Em apenas cinco anos de gestão (de 2019 a 2023), o EJA na rede estadual paranaense despencou de 125.881 para 31.743 matrículas, representando uma redução de aproximadamente 75% no número de estudantes.
- Fechamento de Escolas e Ofertas: O sucateamento resultou no fechamento de cerca de 50 estabelecimentos de ensino (Ceebjas e escolas com a oferta de EJA) no mesmo período.
- Dificuldade de Acesso: A política de governo tem sido denunciada por dificultar o direito à matrícula e promover mudanças curriculares, como a imposição do Ensino a Distância (EaD) em alguns casos e o fechamento de turmas, o que, na prática, afasta o jovem e o adulto trabalhador da possibilidade de concluir os estudos.
Apesar das críticas, o Governo Ratinho Junior defende que as mudanças fazem parte de um esforço para modernizar a educação e melhorar os índices. O Paraná tem alcançado o 1º lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) em algumas etapas, e o governador tem destacado investimentos em tecnologia, escolas cívico-militares e ensino em tempo integral como conquistas. No entanto, o foco nas melhorias gerais é visto pelos críticos como uma cortina de fumaça para o desmonte de modalidades essenciais como o EJA e as Escolas do Campo.
Privatização e Rejeição Popular
A tensão na área da educação pública atingiu um novo ápice com o projeto “Parceiros da Escola”, uma proposta do governo Ratinho Junior que visa terceirizar a gestão de 177 escolas públicas para a iniciativa privada. A medida, vista por entidades sindicais como o início da privatização da escola pública, gerou uma forte reação da comunidade escolar. Em consultas públicas realizadas sobre o projeto, houve uma rejeição avassaladora, com o voto esmagador no “não”, o que resultou em uma derrota política para o governo.
O “Ódio à Educação Pública”
A ironia do percurso — o aluno Ratinho Junior recorrendo ao EJA e o governador Ratinho Junior sucateando a modalidade — sustenta a tese de que há uma aversão política à manutenção da qualidade e do acesso à educação pública, especialmente nas modalidades voltadas para a população mais vulnerável.
Enquanto o governador celebra os resultados do Ideb, a perda de 94 mil matrículas no EJA e o fechamento de escolas do Ensino Noturno e do Campo sugerem que o sucesso nos índices não se traduz em um projeto inclusivo para todos. A crítica é direta: a destruição da modalidade que permitiu ao governador concluir seus estudos é a prova mais contundente de uma política que privilegia a lógica de mercado e demonstra desprezo pela função social da escola pública.
Nota: Apesar da menção ao fato de Ratinho Junior ter concluído o ensino médio pelo EJA ser recorrente em matérias jornalísticas e na crítica política, a nota ou documento oficial do EJA do governador não está disponível publicamente nos resultados de pesquisa. O foco da discussão e da notícia se concentra nas consequências de sua política atual para a Educação de Jovens e Adultos no Paraná.





