A política paranaense e o cenário nacional foram agitados por um intenso boato que circulou nas redes sociais e centrais de mensagens, sugerindo um improvável acordo entre o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O rumor, que ganhou força após Ratinho Junior ser cotado como presidenciável da oposição, insinuava que, em troca de apoio à chapa petista, o grupo do governador paranaense receberia a gestão da Itaipu Binacional “de porteira fechada”.
No entanto, a narrativa, que aponta para uma articulação para a eleição presidencial, foi categoricamente desmentida pelos envolvidos. Ratinho Junior, que é um nome forte na direita e pré-candidato do PSD ao Planalto em um cenário de polarização, classificou o boato como “fábula” e “tentativa de associação com a esquerda infantil”. O próprio presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, tem reafirmado que Ratinho Junior continua nos planos da sigla para 2026.
A Tática do Boato e o Cenário Paranaense
A rápida disseminação da informação falsa, especialmente após a desistência implícita de uma candidatura presidencial solo de Ratinho Junior no curto prazo (embora Kassab não o descarte), é vista por analistas como uma clara estratégia de desinformação em um ambiente político altamente polarizado.
Conforme a avaliação da frente oposicionista, o boato se encaixa na tática da extrema-direita que estaria preocupada com a ascensão do deputado estadual Requião Filho (PDT).
- Ascensão de Requião Filho: O parlamentar, que já foi do PT, tem se consolidado como uma voz de oposição incisiva ao governo Ratinho Junior e às pautas de privatização no Paraná (como a da Copel e o novo modelo de pedágio). Pesquisas recentes o colocam em posição de destaque na disputa pelo governo do estado em 2026, sendo apontado como o principal adversário de Sérgio Moro e o caminho para unificar a oposição no Paraná.
- Ataque à Credibilidade: A articulação da fake news que liga Ratinho Junior e o PT teria o objetivo de desestabilizar o governador junto à sua base eleitoral de direita e, ao mesmo tempo, confundir o eleitorado, tentando frear o crescimento de Requião Filho, que tem conquistado as camadas populares com um discurso focado no desenvolvimento do estado e contra a “sede de privatização”.
Os Fatos e a Realidade Política
A despeito dos rumores, a realidade factual, conforme apurado pela imprensa e fontes políticas, aponta para:
- Ratinho Junior na Direita: O governador do Paraná tem se posicionado como alternativa da direita e já minimizou a popularidade de Lula, embora reconheça que o governo federal ganha protagonismo em certas pautas.
- Afastamento do PT: Requião Filho deixou o PT, filiando-se ao PDT, justamente por criticar a “falta de coerência” da cúpula petista no Paraná, citando o apoio à venda da Copel e a gestão da Itaipu como “festa de microfavores”, o que o distancia da chapa petista local e reforça sua autonomia.
O cenário indica, portanto, que a “fábula” da aliança Ratinho Jr.-Lula é, na verdade, um tiro de canhão da desinformação para tentar desviar o foco da política paranaense, que se mostra cada vez mais voltada para o embate entre o grupo governista e a oposição liderada pelo ascendente Requião Filho.





