Economia

Dólar em R$ 5,41 no Final de 2025: Pressão da Saída de Capital e o Foco em Fed, Selic e Política Fiscal

A moeda americana encerra o ano sob pressão, com analistas do mercado mantendo a projeção de encerramento em torno de R$ 5,40, influenciada pela política monetária dos Estados Unidos e o cenário fiscal doméstico.

​O dólar comercial chegou ao final do ano de 2025 cotado em torno de R$ 5,41, refletindo um ambiente de cautela e volatilidade nos mercados globais e domésticos. Conforme o consenso do mercado, as expectativas se consolidaram em uma faixa entre R$ 5,40 e R$ 5,50 para o fechamento do ano, confirmando a pressão sentida pela moeda brasileira, o Real.

​Saída de Capital Estrangeiro Causa Alerta

​Um dos principais vetores de pressão para a taxa de câmbio é o fluxo de capital estrangeiro no mercado de ações brasileiro. Embora o saldo acumulado de investimentos externos na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) em 2025 estivesse positivo em grande parte do ano, o movimento de saída líquida registrado em momentos-chave, como no início de janeiro e em julho, indica a cautela dos investidores internacionais.

​Em janeiro, a retirada de capital atingiu cifras bilionárias, somando mais de R$ 6,3 bilhões em poucos pregões, e em julho houve outra forte saída de R$ 3,5 bilhões. Esse movimento de resgate pressiona o câmbio, pois aumenta a demanda por dólares para que os investidores possam repatriar seus recursos. A instabilidade fiscal no Brasil, aliada à política monetária dos Estados Unidos, é citada como fator determinante para essa desconfiança.

​Fatores Externos e Domésticos no Radar

​A trajetória do dólar é ditada por uma combinação de elementos globais e internos:

  • Federal Reserve (Fed) e Juros Americanos: As decisões do Banco Central dos Estados Unidos (Fed) sobre a taxa de juros continuam sendo o principal balizador do fluxo de capital global. Embora o Fed tenha realizado cortes na taxa, sua comunicação cautelosa e a possibilidade de desaceleração no ritmo de novas reduções influenciam os investidores a buscarem ativos considerados mais seguros, como os títulos do Tesouro Americano, fortalecendo o dólar globalmente.
  • Taxa Selic no Brasil: O patamar elevado da Taxa Selic, que se manteve em 15% ao ano, tenta equilibrar a pressão inflacionária e, em teoria, torna o país mais atrativo para o chamado carry trade (estratégia de alocação em moedas que pagam juros altos). Contudo, a efetividade dessa atração é mitigada pela percepção de risco fiscal no Brasil.
  • Cenário Fiscal Doméstico: A incerteza sobre a capacidade do governo em equilibrar as contas públicas e a ameaça de dominância fiscal (quando a política fiscal influencia e restringe a política monetária) seguem minando a confiança. Sinais de deterioração fiscal tendem a aumentar o “prêmio de risco doméstico” cobrado pelos investidores, elevando a cotação do dólar.
  • Comércio Global e Geopolítica: Tensões geopolíticas e questões comerciais, como as tarifas impostas pelos EUA contra o Brasil, injetam volatilidade no mercado cambial.

​Perspectiva e Volatilidade

​A previsão de câmbio de R$ 5,40 (Boletim Focus) para o final de 2025 sugere que, apesar da pressão, o mercado não espera um descontrole cambial, mas sim uma continuidade da volatilidade. A manutenção de juros altos no Brasil, ao mesmo tempo em que a inflação global se mostra persistente, cria um cenário desafiador que deve exigir atenção redobrada dos agentes econômicos e investidores no decorrer do próximo ano.

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