O coronel da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Jorge Eduardo Naime Barreto, já conhecido por seu envolvimento nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, enfrenta agora novas acusações. Naime é investigado por supostamente liderar um esquema de stalking contra uma empresária do Distrito Federal, utilizando recursos da própria corporação para monitorá-la ilegalmente.
De acordo com as investigações conduzidas pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Naime teria atuado como chefe de segurança de um empresário do ramo farmacêutico, ex-marido da vítima. O coronel é suspeito de coordenar a instalação de dispositivos de rastreamento e escutas clandestinas nos veículos da empresária e de seu motorista, além de orquestrar abordagens policiais para intimidá-la.
Em um dos episódios sob investigação, ocorrido em 30 de outubro de 2024, o motorista da empresária foi abordado por uma viatura da PMDF nas proximidades de uma escola no Lago Sul, enquanto transportava uma das filhas da vítima e a babá. Imagens de câmeras de segurança mostram Naime nas proximidades, coordenando a ação. O motorista relatou que os policiais solicitaram apenas sua habilitação, sem verificar os documentos do veículo, e que seu celular foi temporariamente confiscado, enquanto um dos policiais fotografava seus documentos.
Além disso, há indícios de que Naime teria utilizado sua influência na PMDF para obter dados pessoais da empresária e coordenar ações de coação. A PCDF também investiga o possível porte ilegal de arma por parte do coronel, que teria recebido e guardado uma pistola entregue pelo empresário, suposto dono da arma.
A defesa de Naime, representada pelo escritório Akaoni e Cardoso, nega as acusações, afirmando que estão “utilizando o nome de uma figura pública que era contratada para proteger toda a família e empresa de seu cliente, desvirtuando a finalidade para fazer sensacionalismo e uso indevido de seu nome”. A defesa acrescenta que “a verdade será provada” e que o coronel “é inocente dessa acusação fantasiosa”.
A PMDF, por sua vez, declarou estar ciente do caso e afirmou que medidas cautelares relacionadas ao ocorrido foram cumpridas com o apoio da corregedoria. A corporação ressaltou que “policiais militares da reserva remunerada devem atuar em conformidade com a legislação vigente, respeitando os regulamentos internos”.
Naime, que estava em liberdade provisória desde maio de 2024, após ter sido preso em fevereiro de 2023 por seu envolvimento nos atos de 8 de janeiro, utilizava tornozeleira eletrônica e estava sujeito a medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). As novas acusações podem impactar sua situação judicial, dependendo do andamento das investigações e das decisões das autoridades competentes.