CEO do iFood, Diego Barreto, Afirma: ‘Mercado de Delivery Vive Entropia Impulsionada por Subsídios’
O mercado de delivery de comida no Brasil, historicamente liderado pelo iFood, atingiu um volume de pedidos sem precedentes. No entanto, o motor por trás desse crescimento explosivo não é a expansão orgânica tradicional, mas sim a intensa competição baseada em subsídios e descontos agressivos oferecidos pelos concorrentes. Essa dinâmica levou Diego Barreto, CEO do iFood no Brasil, a descrever o momento como de “entropia” – um estado de desordem e desequilíbrio no ecossistema de negócios.
Obrigado por ler este post, não se esqueça de se inscrever!
Em uma declaração que ecoa a preocupação de muitos analistas do setor de tecnologia, Barreto aponta que, embora o iFood também se beneficie do aumento generalizado da demanda, a sustentabilidade desse modelo de crescimento é o grande ponto de interrogação. O cerne da questão reside no que acontecerá com o volume de pedidos e a fidelidade do consumidor quando as empresas rivais, que operam com margens negativas para ganhar market share, decidirem ou forem forçadas a encerrar ou reduzir drasticamente esses incentivos.
A Batalha pela Liderança e a Reação dos Concorrentes
A menção à “entropia impulsionada por subsídios” é uma clara referência à intensa guerra de preços travada por plataformas concorrentes, como o Rappi e o agora extinto Uber Eats (que paralisou suas operações de delivery de comida no Brasil no início de 2022, transferindo seu foco para outros mercados e segmentos), e mais recentemente, por players regionais ou focados em nichos específicos.
Para o iFood, a estratégia tem sido a de consolidar sua liderança e investir em eficiência operacional e na diversificação de serviços além do restaurante. A empresa tem apostado em diferenciais como o iFood Benefícios, o iFood Pago (fintech), e a expansão para o delivery de supermercados e farmácias, buscando criar um ecossistema que prenda o usuário pela conveniência e não apenas pelo preço.
Sustentabilidade do Negócio e o Olhar do Investidor
As declarações de Barreto refletem uma mudança no olhar do mercado de capitais para as startups de alto crescimento. Após anos de priorização do volume e da expansão a qualquer custo (o modelo growth at all costs), os investidores estão cada vez mais exigindo um caminho claro para a lucratividade. Empresas que dependem cronicamente de grandes injeções de capital para sustentar descontos são vistas com crescente ceticismo.
A inflação e o aumento das taxas de juros globais apertaram o cerco às empresas de tecnologia que ainda não atingiram o break-even. O mercado de delivery, apesar de ter se consolidado como um hábito pós-pandemia, está sob pressão para provar que a conveniência é um valor que o consumidor está disposto a pagar o preço total por ela, sem a muleta dos subsídios.
O desafio para o iFood e seus concorrentes é converter o alto volume de pedidos incentivados em uma base de clientes lucrativa e fiel. O futuro do delivery dependerá da capacidade das plataformas de otimizar a logística, reduzir os custos de aquisição de clientes (CAC) e oferecer valor agregado que justifique preços que sustentem todo o ecossistema, desde o entregador até o restaurante e a plataforma.





