Chicão Caminhoneiro e Sebastião Coelho protocolam paralisação no governo com divisão na categoria
Francisco Dalmora Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, líder autoproclamado da União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC), protocolou na terça-feira (2) na Presidência da República a comunicação formal de uma paralisação nacional da categoria agendada para esta quinta-feira, 4 de dezembro. Chicão esteve acompanhado do jurista e desembargador aposentado Sebastião Coelho, que oferece suporte jurídico ao movimento.
O ato, no entanto, surge em meio a uma divisão expressiva entre as entidades representativas. Confederações tradicionais, como a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), já se manifestaram publicamente, afirmando não apoiar ou ter sido consultadas sobre o movimento. A CNTTL, inclusive, repudiou o uso de seu nome em publicações falsas que circulavam em redes sociais.
### Pauta trabalhista e rumores de viés político
Chicão Caminhoneiro e Sebastião Coelho enfatizam que o foco da mobilização é trabalhista, buscando melhorias para a classe. Entre as reivindicações apresentadas estão:
- Aposentadoria especial após 25 anos de atividade comprovada.
- Estabilidade contratual para caminhoneiros autônomos.
- Cumprimento efetivo das leis trabalhistas vigentes.
- Reestruturação do Marco Regulatório do Transporte de Cargas.
Apesar da pauta oficial, há preocupação sobre um possível viés político do movimento. O jurista Sebastião Coelho, dias antes de protocolar a ação ao lado de Chicão, publicou um vídeo em suas redes sociais convocando a paralisação com o objetivo de obter anistia ampla, geral e irrestrita para condenados e investigados relacionados aos atos de 8 de janeiro e para o ex-presidente Jair Bolsonaro, o que gerou forte ceticismo e desconfiança em parte da categoria.
### Histórico de convocação que não se concretizou
Esta não é a primeira vez que Chicão Caminhoneiro convoca uma paralisação nacional. Em agosto deste ano, ele e Sebastião Coelho já haviam anunciado uma possível greve, que acabou não se concretizando na prática, diminuindo a credibilidade de um movimento em larga escala desta vez.
Apesar da forte rejeição de lideranças tradicionais, a formalização do aviso ao governo e o apoio jurídico de Sebastião Coelho garantem respaldo legal inicial para o ato. No entanto, a adesão da base e o real impacto da paralisação nas rodovias, a partir de quinta-feira (4), permanecem incertos.





