Economia

Ibovespa Supera 164 Mil Pontos Impulsionado Por Apostas Na Queda Da Selic E Fluxo Estrangeiro

O principal índice da Bolsa de Valores brasileira, o Ibovespa, encerrou as negociações da última quinta-feira (4 de dezembro de 2025) em um novo patamar recorde, ultrapassando a marca inédita dos 164 mil pontos e registrando seu terceiro recorde consecutivo de fechamento. O avanço, de aproximadamente 1,67%, reflete uma combinação poderosa de fatores internos e o apetite crescente de investidores internacionais pelo mercado acionário brasileiro.

​A alta expressiva, que já acumula uma valorização próxima de 37% em 2025, é vista por analistas como um sinal de que a bolsa pode ter um início de 2026 “forte”, com projeções otimistas que colocam o índice em patamares ainda mais elevados nos próximos meses.

​📉 O Gatilho Doméstico: PIB Fraco e Selic em Xeque

​O principal motor do rali recente é a expectativa de que o Banco Central (BC) inicie, ou antecipe, o ciclo de corte da Taxa Selic, atualmente em patamares elevados (algumas fontes apontam 15% ao ano).

  • Desaceleração da Atividade: A divulgação de que a economia brasileira cresceu apenas 0,1% no terceiro trimestre de 2025, uma desaceleração em relação às expectativas, foi ironicamente bem recebida pelo mercado.
  • Aposta em Juros Menores: A fraqueza do Produto Interno Bruto (PIB) aumentou as chances de que o BC comece a reduzir a taxa básica de juros já em janeiro de 2026, ou pelo menos mantenha a perspectiva de corte para março, que hoje é a mais provável.
  • Renda Fixa para Renda Variável: Juros internos mais baixos tornam a renda fixa menos atraente e estimulam a migração de capital para o mercado de ações, que passa a oferecer um retorno relativo mais vantajoso.

​🌐 O Vento Favorável: A Relevância Do Investidor Estrangeiro

​O cenário global também joga a favor da Bolsa brasileira. Há uma clara “rotação de capital global” em curso, com investidores buscando oportunidades em mercados emergentes, e o Brasil tem se destacado nesse fluxo.

  • Mercados Emergentes em Alta: A expectativa de que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, inicie seu ciclo de cortes de juros — ainda que a reunião de dezembro de 2025 tenha mantido a cautela no radar — favorece o movimento de saída de capital da renda fixa americana para bolsas globais.
  • Ações “Baratas”: Apesar dos recordes nominais, muitas ações na B3 ainda são negociadas a múltiplos de Preço/Lucro (P/L) considerados atrativos (abaixo da média histórica) para o investidor estrangeiro, que vê o Brasil como um destino onde é possível “pagar para esperar” a valorização.
  • Fluxo de Capital: O volume financeiro negociado na B3 tem se mantido elevado, sugerindo uma participação forte e consistente do capital internacional.

​🎯 Destaques Do Pregão E Projeções Para 2026

​O rali da última quinta-feira (4) foi puxado, principalmente, por ações de setores importantes, como as ligadas à economia doméstica que se beneficiam de juros menores (como alguns bancos e varejistas), além das blue chips de peso.

  • Ações em Destaque: As ações de grandes bancos (como Itaú e Banco do Brasil), petroleiras (Petrobras) e mineradoras (Vale) figuraram entre os principais ganhos do dia, contribuindo de forma decisiva para a elevação do índice.
  • Dólar Próximo à Estabilidade: Enquanto a bolsa disparava, o dólar comercial registrava leve queda, fechando próximo de R$ 5,31, refletindo o fluxo positivo para países emergentes.
  • Olhando para a Frente: Analistas de mercado mantêm o otimismo. Algumas casas de investimento já projetavam o Ibovespa a 165 mil pontos para o final de 2025, meta que já está praticamente alcançada. Para o final de 2026, algumas projeções mais audaciosas chegam a indicar o índice entre 170 mil e 175 mil pontos, sob a condição de uma política monetária mais frouxa e a continuidade do controle fiscal.

​O ano de 2026, no entanto, será um ano eleitoral (para governadores e presidente), o que tipicamente adiciona um componente de volatilidade ao mercado. Mesmo assim, a combinação de preços ainda atrativos e a sinalização de cortes na Selic sustentam a tese de que o voo da bolsa brasileira está longe de terminar.

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