Michelle mantém críticas a ciro gomes e pede perdão aos enteados bolsonaro, mas reafirma divergência política
A ex-primeira-dama e presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, reafirmou suas críticas à aliança que o Partido Liberal (PL) tenta costurar com o ex-ministro Ciro Gomes (PSDB) no Ceará, mesmo após a reação pública e contrariada dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro, seus enteados. Em nota divulgada nesta terça-feira (2 de dezembro de 2025), Michelle pediu “compreensão” e “perdão” aos enteados, mas manteve sua posição de que Ciro Gomes “jamais será de direita” e que a aliança é prejudicial.
O Discurso da Discordância
O mal-estar na família e no partido começou no último domingo (30 de novembro de 2025), durante um evento em Fortaleza. Michelle criticou abertamente o deputado federal André Fernandes (PL-CE) pela aproximação com Ciro Gomes, afirmando que “fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita? Isso não dá”. Ela defendeu o apoio ao senador Eduardo Girão (Novo) ao governo do Ceará.
A declaração gerou forte reação dos filhos de Bolsonaro (Flávio, Eduardo e Carlos), que publicaram mensagens nas redes sociais criticando a postura da madrasta. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) considerou a atitude “injusta e desrespeitosa” com André Fernandes, ressaltando que a aliança teria o aval de Jair Bolsonaro. Eduardo e Carlos Bolsonaro endossaram a posição do irmão.
O Pedido de Perdão e a Manutenção da Crítica
Em sua resposta, a ex-primeira-dama buscou conciliar o respeito familiar com sua convicção política, um dilema que se intensificou com o cenário político após a prisão do ex-presidente.
”Eu respeito a opinião dos meus enteados, mas penso diferente e tenho o direito de expressar meus pensamentos com liberdade e sinceridade. Peço aos meus enteados que me entendam e me perdoem. Não foi minha intenção contrariá-los“, afirmou Michelle na nota.
No entanto, ela não recuou no mérito da questão, classificando Ciro Gomes como um “perseguidor” e um “malfeitor” contra Bolsonaro. Michelle argumentou que apoiar Ciro seria “trocar Joseph Stalin por Vladimir Lenin”, mantendo-se fiel aos seus valores e à defesa do marido. Ela destacou seu papel como esposa e mãe antes de liderança política, questionando como justificaria a aliança para a filha do casal, visto o histórico de insultos de Ciro ao pai.
PL Marca Reunião de Emergência
A crise escancarada no clã Bolsonaro pressionou a cúpula do Partido Liberal. Em resposta à polêmica, o PL marcou uma reunião de emergência para esta terça-feira (2) em Brasília. O objetivo é “alinhar a comunicação” e “enquadrar” a atuação política da ex-primeira-dama, tentando evitar que suas manifestações públicas exponham a desarticulação interna da sigla.
A situação destaca a disputa por protagonismo na condução do espólio político de Jair Bolsonaro, com Michelle e os filhos do ex-presidente buscando influenciar as estratégias partidárias em um momento crucial para o futuro da direita no país.





